
Janette Jara, candidata comunista da coalizão de esquerda, e Jose Antônio Kast, do partido de ultradireita, disputarão a Presidência do Chile em um segundo turno no dia 14 de dezembro.
Com mais de 99,6% das urnas apuradas por volta das 01h50 da madrugada desta segunda-feira (17), Jara tinha 26,9% dos votos e Kast, 23,9%.
Mais de 11 milhões de eleitores foram às urnas neste domingo (16) para escolher quem ocupará a Presidência do país entre 2026 a 2030.
No pleito, a população também votou para deputados e senadores.
Esta foi a primeira eleição presidencial no Chile desde 2012 em que o voto foi obrigatório — quem não votou está sujeito a multa.
A segurança é o principal foco das propostas dos candidatos após o índice de homicídios para cada 100 mil habitantes do país quase triplicar entre 2015 e 2024.
O aumento da criminalidade ocorreu paralelamente a uma onda migratória de venezuelanos, e à entrada da gangue Trem de Arágua, nascida em prisões do país de Nicolás Maduro e, com isso, o tema da criminalidade foi frequentemente vinculado à imigração, tema explorado na campanha eleitoral.
Jeannette Jara, de 51 anos, é da coalizão governamental. Ela é a primeira candidata comunista no Chile desde o retorno da democracia ao país.
Já o candidato de ultradireita José Antonio Kast, que já concorreu duas vezes à Presidência do Chile, fez sua campanha no primeiro turno com uma plataforma de linha dura contra o crime.
Quem vencer a eleição no segundo turno assumirá o cargo em 11 de março de 2026.
Agradecimentos e apoios a Kast
Jara agradeceu na noite deste domingo a seus seguidores por apoiá-la no primeiro turno e pediu que promovam "uma mensagem de esperança e futuro". Ela também reconheceu algumas das propostas de outros candidatos, em particular em matéria de saúde.
Jeanette Jara, que afirmou que deixará o Partido Comunista se chegar à Presidência, não foca na redução de gastos, enquanto promete ampliar reformas sociais e manter políticas de bem-estar do governo Boric.
Embora tenha sido uma das ministras mais reconhecidas do atual governo, graças à aprovação de leis como a de 40 horas ou o aumento do salário mínimo, na campanha do primeiro turno, Jara optou por marcar distância do La Moneda, sede presidencial chilena. A candidata enfatizou suas diferenças com o estilo de governar de Boric
A candidata governista passa a enfrentar, agora, um desafio com a esperada transferência de votos dos candidatos derrotados do campo da direita para Kast.
Após a confirmação do segundo turno, Kast, fundador do Partido Republicano, falou a seus seguidores ao lado da candidata derrotada Evelyn Matthei, de centro-direita, que momentos antes havia reconhecido publicamente sua derrota e anunciado apoio a Kast para a próxima rodada da eleição presidencial.
Kast agradeceu o apoio de Matthei, que disse que, se ele vencer, procurará resolver os problemas que o governo do presidente Gabriel Boric não resolveu.
Quem também já anunciou apoio a Kast foi o candidato libertário Johannes Kaiser. “Portanto, reconhecemos nesta instância (...) a vitória de José Antonio Kast, que acaba de passar para a próxima rodada”, disse em mensagem diante de seus seguidores.
"O Partido Nacional Libertário é um partido de palavra e vamos apoiar sua candidatura no segundo turno", acrescentou Kaiser.
Esta é a terceira candidatura presidencial de Kast, que perdeu para Gabriel Boric em 2021.
Boric parabenizou neste domingo os candidatos Jeannette Jara e José Antonio Kast por avançarem para o segundo turno das eleições presidenciais. Em mensagem à nação, Boric pediu a ambos os candidatos "que tenhamos um debate com altura de visão", no qual se proponham soluções para os principais problemas do Chile.
Pesquisas de opinião feitas ao longo do primeiro turno apontam que a direita leva uma vantagem em todos os cenários no segundo turno.