Quando embarcou para o Amapá, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha na bagagem dois grandes objetivos.
O primeiro era intensificar seu périplo pelo Brasil em um momento de baixa popularidade.
Em dois meses, a aprovação de Lula caiu de 35% para 24%, segundo o Datafolha, o menor índice de todos os seus mandatos. A reprovação também atingiu recorde, passando de 34% a 41%.
O segundo, estreitar sua relação com um dos homens mais poderosos da República: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), eleito pela segunda vez para o cargo no início de fevereiro.
"Ninguém pode proibir que a gente deixe o Amapá pobre se tiver petróleo aqui", disse Lula.
Sem mencionar diretamente o tema, Alcolumbre disse que "o mundo" não estaria em condições de cobrar compromissos ambientais do Amapá.
"Não venha o mundo cantar de galo em relação à nossa capacidade de preservar. O mundo não pode impor ao Amapá nada na relação da preservação e manutenção do meio ambiente", disse o senador.
As declarações de Lula e Alcolumbre foram uma alusão clara à exploração de petróleo na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, uma região localizada a 500 quilômetros da costa do Amapá.
O Amapá vive a expectativa em torno dos supostos benefícios da possível exploração de petróleo na região.
O Estado tinha 33% da sua população vivendo em pobreza extrema, média superior à brasileira, de 27,5%, segundo cálculos do Instituto Jones dos Santos Neves (IJNS), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
As pesquisas sobre petróleo na região, no entanto, estão paralisadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Mas são defendidas pela classe política amapaense. Alcolumbre é um dos principais entusiastas.
Por outro lado, cientistas e ambientalistas alertam para os riscos que a exploração de petróleo pode ter na região, considerada ambientalmente sensível.
fonte bbc