
Em meio à operação da PF e uso de tornozeleira eletrônica, ex-presidente afirma que dispositivo foi entregue por uma visita após uso do banheiro. O caso aumenta o clima de tensão e mistério na investigação conduzida pelo STF.
Redação, 18 de julho de 2025 – Horas após deixar a sede da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez uma declaração que adiciona um novo e inusitado elemento ao já conturbado cenário político e jurídico que o envolve. Em entrevista improvisada, ele comentou sobre um pendrive apreendido pela PF em sua residência, revelando que o dispositivo teria surgido em circunstâncias no mínimo curiosas.
“Uma pessoa pediu para ir no banheiro e voltou com um pendrive na mão. Eu nunca abri um pendrive na minha vida. Eu não tenho nem laptop em casa para mexer com pendrive”, declarou Bolsonaro, cercado por aliados e jornalistas.
A fala ocorre no mesmo dia em que a Polícia Federal cumpriu ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impondo a Bolsonaro o uso de tornozeleira eletrônica, o recolhimento domiciliar noturno e a proibição de acesso às redes sociais e de comunicação com diplomatas estrangeiros — além do afastamento do próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Pendrive no banheiro: mais um enigma no cerco ao bolsonarismo
A menção ao pendrive surgiu de forma espontânea na fala do ex-presidente, durante sua primeira manifestação pública após a operação desta sexta. A Polícia Federal ainda não confirmou o conteúdo do dispositivo eletrônico, nem se ele tem relação direta com os inquéritos sobre tentativa de golpe de Estado ou disseminação de desinformação.
A narrativa apresentada por Bolsonaro é enigmática: uma pessoa não identificada teria pedido para usar o banheiro de sua casa e, ao sair, entregou a ele um pendrive. O ex-presidente afirma desconhecer o conteúdo e afirma que sequer possui equipamentos para acessar o dispositivo.
“Eu tenho celular, mas nunca mexi com essas coisas. Não sei nem o que tinha ali. Inventaram isso, talvez plantaram”, sugeriu, insinuando uma possível armação.
Repercussões e dúvidas sobre a versão
A declaração causou alvoroço imediato nas redes sociais, com apoiadores do ex-presidente ecoando a ideia de uma suposta “armação” para incriminá-lo, enquanto críticos apontaram a fala como mais um episódio de contradição ou tentativa de desviar o foco das investigações.
Para especialistas em investigação criminal, o surgimento repentino de um pendrive em uma residência sob investigação levanta questões relevantes:
- Quem foi a pessoa que usou o banheiro?
- Quando exatamente o episódio aconteceu?
- Por que o dispositivo não foi imediatamente reportado às autoridades?
- Qual o conteúdo armazenado no pendrive?
O ex-delegado da PF e especialista em segurança digital Carlos Zambrano afirma que o armazenamento de dados em dispositivos físicos é comum em operações sigilosas, mas também pode ser facilmente utilizado para plantar provas ou despistar investigações. “A história do banheiro soa estranha, mas tudo depende da perícia técnica. O conteúdo do pendrive e os metadados podem revelar a origem real”, explica.
Contexto: investigações em curso e tensão crescente
A nova fase da operação contra Bolsonaro tem como foco a articulação de uma suposta tentativa de golpe de Estado, envolvendo militares da ativa, parlamentares aliados e agentes da segurança pública. Alexandre de Moraes, que conduz os inquéritos no STF, afirma que há “risco real e concreto à ordem pública” caso Bolsonaro continue atuando politicamente sem restrições.
A apreensão do pendrive ocorreu durante as buscas desta sexta-feira (18), em que também foram encontrados cerca de US$ 14 mil e R$ 8 mil em dinheiro vivo. O celular de Bolsonaro também foi recolhido para análise, o que deve fornecer pistas adicionais à investigação.
A equipe jurídica do ex-presidente prepara recurso contra as medidas cautelares e deve protocolar questionamentos formais sobre a legalidade da apreensão do pendrive, alegando ausência de cadeia de custódia clara.
A teoria da conspiração persiste
Ao atribuir a aparição do pendrive a uma pessoa "vinda do banheiro", Bolsonaro sugere, ainda que indiretamente, a possibilidade de armação ou infiltração, o que reforça o tom conspiratório presente em muitos de seus discursos desde o fim de seu mandato.
Nas redes bolsonaristas, a história viralizou como evidência de “perseguição política” e “plantação de provas”, enquanto parlamentares da oposição ironizaram a explicação como “absurda” e “desrespeitosa com a inteligência do povo brasileiro”.
“Essa versão parece piada pronta. Daqui a pouco vai dizer que o pendrive veio com o papel higiênico”, disse, em tom crítico, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
Próximos passos: pendrive sob análise e silêncio da PF
Até o momento, a Polícia Federal não se pronunciou oficialmente sobre o pendrive mencionado por Bolsonaro, nem confirmou se ele de fato foi apreendido nesta operação ou anteriormente. A expectativa é que peritos da PF analisem o conteúdo e identifiquem eventuais arquivos, registros de modificação, e dados sobre a origem e o histórico de uso do dispositivo.
A novela política, jurídica e midiática em torno do ex-presidente segue em ritmo acelerado — agora, com um novo e insólito protagonista: o pendrive do banheiro.
Fonte: noticiastudoaqui.com
🚨URGENTE - Bolsonaro diz que alguém pediu para ir no banheiro e voltou com um pendrive
— SPACE LIBERDADE (@NewsLiberdade) July 18, 2025
“Uma pessoa pediu para ir no banheiro e voltou com um pendrive na mão (…) eu nunca abri um pendrive na minha vida, eu não tenho nem laptop em casa para mexer com pendrive” pic.twitter.com/ymKG9nN9TZ