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JÁ 'ARMAM' CONTRA O GOVERNADOR - Declaração de Tarcísio sobre "eleições livres" gera mal-estar nas relações com STF

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Redação, 21 de julho de 2025 – A recente declaração do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, provocou surpresa e desconforto entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente aqueles que até então mantinham uma relação institucional respeitosa com o ex-ministro da Infraestrutura.

Ao comentar a decisão do ministro Alexandre de Moraes que impôs o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno ao ex-presidente, Tarcísio afirmou:

Não haverá paz social sem paz política, sem visão de longo prazo, sem eleições livres, justas e competitivas. A sucessão de erros que estamos vendo acontecer afasta o Brasil do seu caminho.

A fala foi interpretada por integrantes do Supremo como uma insinuação indireta de que o sistema eleitoral brasileiro não seria plenamente democrático, ecoando o tipo de retórica usada por Bolsonaro em seus ataques às urnas eletrônicas e à Justiça Eleitoral nos anos anteriores.

Ministros veem “sinal preocupante”

A repercussão no STF foi imediata. De acordo com fontes ouvidas pela reportagem, ao menos três ministros demonstraram desconforto com o tom “implícito e perigoso” da declaração. Um deles afirmou, sob condição de anonimato:

Ele sabe o peso de cada palavra. Sugerir que as eleições não são livres ou justas, ainda que nas entrelinhas, é colocar em xeque as instituições.

Outro ministro ponderou que a fala pode ter sido uma tentativa de agradar a base bolsonarista, mas alertou para os riscos:

Tarcísio é visto como um político técnico e moderado. Flertar com o discurso golpista pode pôr a perder a imagem que construiu.

Alinhamento estratégico ou cálculo político?

Tarcísio tem evitado adotar o tom beligerante que caracteriza Bolsonaro, mas desde que o ex-presidente foi alvo da operação da Polícia Federal, o governador se aproximou publicamente do seu padrinho político. Em junho, os dois se encontraram em Brasília, e desde então Tarcísio vem ensaiando uma retórica mais incisiva contra as decisões do STF.

Analistas apontam que o movimento pode indicar uma tentativa de consolidar apoio dentro do campo conservador, mirando as eleições presidenciais de 2026. O governador é frequentemente citado como possível herdeiro do capital eleitoral de Bolsonaro, caso o ex-presidente seja declarado inelegível — cenário considerado cada vez mais provável, diante do julgamento previsto para setembro no STF.

Segundo a cientista política Carolina Botelho, da UFRJ:

Tarcísio precisa se equilibrar entre manter o apoio da direita radical e não romper com setores institucionais e econômicos que o veem como um nome viável. É uma linha tênue, e essa fala pode ter sido um passo em falso.

O impacto na relação com o Judiciário

Desde que assumiu o governo de São Paulo, Tarcísio buscava cultivar uma imagem de gestor técnico, mantendo diálogo institucional com o STF e o TSE. Era visto com bons olhos até mesmo por ministros críticos ao bolsonarismo.

A declaração, contudo, foi lida como uma adesão parcial ao discurso que desacredita o Judiciário — especialmente vindo no momento em que Alexandre de Moraes, alvo frequente de ataques bolsonaristas, enfrenta uma onda de hostilidade acirrada por manifestações e pressões internacionais articuladas por aliados de Bolsonaro.

No Supremo, a percepção é de que o episódio enfraquece a interlocução com o governador e pode gerar “cautela” em futuros diálogos institucionais.

Resposta de Tarcísio e reação política

Até o momento, Tarcísio não voltou a se pronunciar sobre a repercussão negativa da fala. Auxiliares próximos dizem que o governador ficou “surpreso” com a leitura feita por setores do Judiciário, mas não deve recuar publicamente. A equipe avalia que a declaração foi “ponderada” e dentro do tom republicano, embora admita que o contexto político a tornou mais sensível.

Em Brasília, parlamentares governistas criticaram o governador. O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) declarou:

Dizer que não há eleições livres no Brasil é repetir a cartilha golpista. É decepcionante ouvir isso de um gestor que já foi técnico e sabe que a democracia é pilar inegociável.

Já aliados de Bolsonaro e da direita conservadora elogiaram o posicionamento. O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou:

Tarcísio mostrou que não vai se acovardar. Está ao lado do povo e contra os abusos do STF.

Cenário incerto até 2026

Com a crise política se aprofundando à medida que o julgamento de Bolsonaro se aproxima, a posição de Tarcísio se torna cada vez mais delicada. Ele é um dos poucos nomes com potencial eleitoral nacional à direita que ainda goza de credibilidade fora do núcleo bolsonarista radical.

A dúvida agora é se o governador manterá esse equilíbrio ou se deixará a moderação para abraçar de vez a agenda bolsonarista, mesmo ao custo de suas pontes institucionais.


Fonte: noticiastudoaqui.com

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