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ALEXANDRE GARCIA NA OESTE - Lula e seus Blue Caps

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Alguns ministros postaram nas redes sociais selfies com o bonezinho. Parecia coisa de gincana escolar

Areunião ministerial desta semana me despertou a nostalgia da banda de rock mais antiga do Brasil — quiçá do mundo: Renato e seus Blue Caps. Lula enfiou na cabeça dos ministros bonezinhos azuis, pegou o microfone e, em vez de “Menina linda, eu te adoroooo”, cantou um “Menino feio, eu te detestoooo”, para Trump. No chapeuzinho, uma frase que deve ter sido inspirada pelo Conselheiro Acácio: “O Brasil é dos brasileiros”. Não foi uma cena inédita, porque Chávez já fazia isso, e Maduro, nesses últimos dias, recrudesceu com seus chapéus, milícias, discursos contra Trump, que conseguem ser mais risíveis do que o ministério Lula e seus Blue Caps. Alguns ministros levaram a sério a recomendação de fidelidade e lealdade — tal como Maduro tem apelado — e postaram nas redes sociais selfies com o bonezinho. Parecia coisa de gincana escolar.

Foi uma reunião pela soberania. A soberania do boné azul, a nos levar a uma pergunta: é mesmo o Brasil dos brasileiros? Sobre o território, ocupado por facções criminosas, a resposta é não. Ao contrário, os brasileiros, que outrora conquistaram este imenso território, com as botas dos garimpeiros e as patas do boi, avançaram sobre a linha de Tordesilhas e depois foram estimulados pela Brasília de Juscelino a conquistar o Centro-Oeste da riqueza, agora são contidos por órgãos estatais, enquanto as facções criminosas e as ONGs estão livres para ampliar sua autoridade.

Na antiga capital, narcotraficantes exercem soberania em vastas áreas. Calcula-se que um em cada quatro brasileiros vivam em áreas controladas pelo narcoestado, não pela soberania nacional. Na Amazônia, o governo de Manaus contou quase 200 pistas de facções criminosas, que usam aviões e helicópteros para transportar drogas e ouro. A concentração de pistas está ao norte, na fronteira com a Venezuela, e ao sul, na fronteira com a Bolívia. A oeste, está a Colômbia, a maior produtora de cocaína do planeta. O domínio dos rios e igarapés, que são as artérias e veias da Amazônia, divide-se entre o CV e o PCC, diz a Secretaria de Segurança do Amazonas. Perto de Tabatinga, já surgiu uma ilha no Solimões, Santa Rosa, ocupada pela bandeira e pela tropa da Colômbia, disputada pelo Peru, com dinheiro e serviços do Brasil — sob os olhares passivos da soberania do boné azul. No rio Mamoré, perto de Guajará-Mirim, há uma ilha ocupada por tropas bolivianas, embora brasileira. Soberania é presença, não bonezinho azul.

Como vai um país garantir soberania se enfraquece suas forças armadas? Falta combustível, falta comida e se reduz o expediente dos recrutas, falta dinheiro para pagar a conta de eletricidade e se restringe o ar condicionado e o elevador; o equipamento de defesa não está sucateado porque a manutenção é boa, mas está atrasado. E agora o governo resolve brigar com aliados tradicionais, como Estados Unidos e Israel. Até exercícios conjuntos foram suspensos. Nossa Amazônia Azul poderia contar com forças da Otan para dissuadir piratas no nosso petróleo marítimo. São oito ilhas britânicas fazendo um colar em torno da costa atlântica sul-americana, mas estamos desafinados com o Ocidente. Mal conseguimos manter presença na Antártida. Que país pode ter sonho de potência, se não tem poder militar dissuasório? Bonezinho azul não tem poder dissuasório. Nem obviedades como “Brasil é dos brasileiros”. Palanque é plataforma lançadora de saliva.

Além disso, um Brasil que queira se orgulhar de sua soberania tem que mostrar respeito aos princípios de direito e de liberdade da democracia. Um presidente que jurou perante o Congresso Nacional “manter, defender e cumprir a Constituição”, mas não a defende ante tantos descumprimentos, não pode encher o peito, pôr um boné azul na cabeça e arengar que Trump é “o imperador da terra”, mas o Estado brasileiro não consegue garantir segurança pública e jurídica para quem vive no país imenso, continental, com gigantesco potencial de riquezas naturais, mas tem um tipo de políticos que considera o país não dos brasileiros, mas do partido, ou da turma que estiver no poder. Aí, a soberania se submete ao patrimonialismo, e vira apenas uma palavra sem prática.

(revistaoeste)

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