Redação, Porto Velho (RO), 25 de julho de 2025 - Depois de semanas de aparente calmaria, a crise nos bastidores do Palácio Rio Madeira — sede do Governo de Rondônia — voltou com força à cena pública.
Declarações contundentes, lágrimas ao vivo e trocas de farpas veladas e explícitas entre o governador Marcos Rocha, sua esposa e primeira-dama Luana Rocha, e o vice-governador Sérgio Gonçalves, reacenderam o embate interno que ameaça os planos políticos da gestão para as eleições de 2026.
Se antes o silêncio parecia estratégico, agora a ruptura foi escancarada. A sequência de entrevistas em veículos locais revelou um conflito político e pessoal que vai além da divergência administrativa — e que já deixa sequelas tanto no grupo palaciano quanto nos projetos de poder em construção.
A origem da crise: silêncio, mágoas e desconfianças
A nova fase da crise teve início com a entrevista concedida pelo governador Marcos Rocha a um portal de notícias rondoniense. Nela, Rocha revelou que tentou, por três vezes, conversar diretamente com seu vice, Sérgio Gonçalves, mas não obteve resposta. A fala rompeu a barreira institucional e trouxe à tona o afastamento já perceptível nos bastidores desde o início do segundo mandato.
A situação ganhou contornos mais emocionais com a participação de Luana Rocha em outra entrevista. A primeira-dama, conhecida por seu estilo direto, foi taxativa ao dizer que “traição é traição”, ao comentar sobre a relação com o vice. Sua fala evidenciou não apenas uma cisão política, mas um rompimento pessoal profundo, marcado por mágoas acumuladas e ressentimentos.
Em resposta, Sérgio Gonçalves também decidiu se manifestar publicamente.
Em tom comedido, mas claramente abalado, o vice-governador confirmou que sua escolha como companheiro de chapa partiu do próprio Rocha, “mesmo com todas as vozes contrárias”. Em um momento de forte carga emocional, Gonçalves chegou a chorar, afirmando que se sentia injustiçado diante da rejeição do grupo que antes o acolheu.
Palácio tenta conter danos e mirar em 2026
Apesar do clímax emocional exposto nos microfones, dentro do Palácio, o discurso oficial é de que a crise já está superada.
Fontes próximas à alta cúpula do governo afirmam que o foco agora deve estar na entrega de obras, na manutenção da governabilidade e, sobretudo, na construção de um plano eleitoral competitivo para 2026.
Alguns secretários estaduais já se articulam com vistas à Assembleia Legislativa e à Câmara dos Deputados. Nomes como o da ex-deputada federal Jaqueline Cassol, atualmente na Casa Civil, surgem como opções viáveis para a Câmara Federal. Contudo, o nome mais forte e já tratado como prioridade pelo núcleo palaciano é o de Luana Rocha, que deve disputar uma vaga na Câmara com apoio direto do governador.
O grande objetivo da equipe, no entanto, é mais ambicioso: eleger Marcos Rocha senador. A missão, porém, esbarra em um obstáculo delicado — a convivência política e institucional com Sérgio Gonçalves. Para deixar o governo em 2026 e concorrer ao Senado, Rocha teria que entregar o cargo a Gonçalves. E é justamente essa transição que preocupa o grupo governista.
Riscos para o projeto político
A tensão entre Rocha e Gonçalves expõe um dilema comum em administrações estaduais: o desgaste na relação entre governador e vice, à medida que os projetos pessoais se sobrepõem à agenda comum. No caso de Rondônia, a situação é agravada pelo fato de que o vice possui vigor político e já se articula com alas distintas da base aliada.
Lideranças estaduais alertam que a insistência em expor o conflito, publicamente, pode enfraquecer a imagem do governo, justamente em um momento de reorganização política. “A gestão precisa mostrar unidade. Qualquer sinal de instabilidade interna pode ser usado por adversários para minar a força do grupo nas urnas”, avalia um analista político ouvido pela reportagem.
Conclusão: reconciliação ou combustão final?
O grupo de Marcos Rocha tem pouco mais de um ano para juntar os cacos de vaso quebrado e costurar novas alianças, consolidar nomes e evitar o que muitos já chamam de “implosão silenciosa”. O embate com o vice-governador deixou de ser uma questão de bastidor e passou a ser uma novela de domínio público, com capítulos recheados de mágoas, ressentimentos e ambições políticas.
Se a tendência for de continuidade nos ataques e entrevistas inflamadas, o grupo palaciano corre o risco de comprometer seu projeto eleitoral. No entanto, se a crise for contida a tempo — e se houver capacidade de diálogo interno — ainda há margem para reconstrução e retomada de foco.
Por ora, o fogo continua aceso. E qualquer nova declaração pública pode ser o combustível para um incêndio político de grandes proporções.
Fonte: noticiastudoaqui.com
Com informações de opiniãodeprimeira e outros