A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã confirmou nesta sexta-feira (13/06) que realizou ataques contra "dezenas de alvos, centros militares e bases aéreas" em Israel.
O líder supremo do Irã, Ali Khamenei, disse que o Irã "infligirá duros golpes" depois que Israel "iniciou a guerra" — referindo-se aos ataques deste contra o Irã na madrugada de sexta, em horário local.
De acordo com as forças israelenses, o Irã disparou menos de 100 mísseis — a maioria foi interceptada ou não conseguiu atingir seu alvo.
"Um número limitado de edifícios foi atingido, alguns devido a estilhaços de operações de interceptação", afirmaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
Algumas fotos mostram prédios bastante danificados em Israel.
Quarenta pessoas estão sendo tratadas em hospitais israelenses por conta dos ataques, duas delas em estado grave.
Por volta de 20h de sexta-feira em Brasília, as IDF orientaram que a população poderia deixar abrigos — a recomendação mudou ao longo da sexta-feira, com momentos em que as forças instaram as pessoas a se protegerem, enquanto em outros a saída dos abrigos foi liberada, contanto que não se distanciassse muito deles.
O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu que o Irã e Israel interrompam a "escalada" do conflito.
"Bombardeio israelense contra instalações nucleares iranianas. Ataques com mísseis iranianos em Tel Aviv. Chega de escalada. Hora de parar. A paz e a diplomacia devem prevalecer", afirmou Guterres na rede social X.
Fotos noturnas em Tel Aviv, Israel, mostram mísseis interceptados, provavelmente pelo sistema de defesa antimísseis israelense, o Domo de Ferro.
Duas fontes do governo americano afirmaram à agência de notícias Reuters que os EUA ajudaram Israel a abater mísseis iranianos.
De acordo com o comunicado traduzido da Guarda Revolucionária, o Irã chamou a operação de "Promessa Verdadeira 3".
O serviço de ambulância Magen David Adom de Israel afirmou que estava fazendo buscas por pessoas e locais atingidos pelo ataque na região metropolitana de Tel Aviv.
A jornalista da BBC Ione Wells, que está em Jerusalém, relatou na madrugada de sábado (14/06), em horário local, ter ouvido drones, sirenes e explosões.
"Pela janela, pude ver vários drones voando pelo céu e ouvi explosões altas e próximas. As janelas tremiam", conta Wells.
"Um aplicativo de sirene amplamente utilizado em Israel está mostrando um alerta vermelho para todo o país. Como temos noticiado, é difícil dizer se esses barulhos são de ataques ou se Israel está interceptando os ataques retaliatórios do Irã."
Com a expectativa de retaliação iraniana, muitos israelenses começaram a sexta-feira estocando comida e se dirigindo a abrigos ou suas proximidades.
Gideon Levy, jornalista que vive em Tel Aviv, afirmou à BBC que, apesar de até o momento não haver mortes confirmadas, houve "bastante destruição" na cidade.
"Ouvimos explosões bem altas. Não foi uma sensação muito agradável", disse Levy, que trabalha no jornal israelense Haaretz.
"Houve pelo menos dois casos em que [mísseis] caíram diretamente sobre prédios e os destruíram parcialmente. Não houve vítimas, mas pessoas ficaram feridas. E houve bastante destruição."
Nessa sexta, em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que "mais está por vir"
"O regime [iraniano] não sabe o que o atingiu, ou o que o atingirá. Nunca esteve tão fraco", disse o primeiro-ministro, acrescentando que Israel está mirando a liderança do Irã, e não sua população.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, criticou que os mísseis iranianos tenham atingido áreas civis.
"O Irã cruzou linhas vermelhas ao ousar disparar mísseis contra aglomerações populacionais civis em Israel", afirmou Katz em um comunicado.
"Continuaremos a defender os cidadãos de Israel e garantiremos que o regime dos aiatolás pague um preço muito alto por suas ações hediondas", acrescentou, referindo-se a Ali Khamenei.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) justificaram a operação Leão Ascendente na madrugada de sexta citando a "contínua agressão do regime" iraniano, com destaque para seu programa nuclear.
"Hoje, o Irã está mais perto do que nunca de obter uma arma nuclear. Armas de destruição em massa nas mãos do regime iraniano representam uma ameaça existencial ao Estado de Israel e uma ameaça significativa ao resto do mundo", argumento as IDF.
A mídia estatal iraniana diz que 78 pessoas foram mortas somente na capital, Teerã, e mais de 300 ficaram feridas.
Morreram também pessoas com altos cargos no regime, como Hossein Salami, chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica; Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã; e ao menos seis cientistas nucleares, incluindo Fereydoon Abbasi, ex-chefe da agência nuclear do país.
A morte de Salami foi particularmente um duro golpe para Teerã. A Guarda Revolucionária Islâmica (GRI) é uma força militar estratégica, política e econômica no Irã, com laços estreitos com o líder supremo do país.
A capital iraniana não sofria ataques tão graves desde o fim da Guerra Irã-Iraque, na década de 1980.
Embora os ataques entre Israel e Irã tenham sido frequentes nos últimos anos, raramente afetaram diretamente áreas residenciais ou centros urbanos como dessa vez.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou em pronunciamento que o ataque "atingiu o coração do programa de enriquecimento nuclear do Irã" e teve como alvo cientistas iranianos que trabalhavam no desenvolvimento de bombas.
A principal instalação de enriquecimento do Irã, na cidade de Natanz, a cerca de 225 km ao sul da capital Teerã, foi atacada, disse Netanyahu.
Teerã afirma há anos que seu programa nuclear tem exclusivamente fins civis.
Apesar das alegações, vários países, bem como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o principal órgão de fiscalização nuclear global, duvidam que o programa seja exclusivamente para fins pacíficos.
Esta semana, o conselho da agência declarou formalmente que o Irã está violando suas obrigações de não proliferação nuclear pela primeira vez em 20 anos.
A agência citou "múltiplos descumprimentos" por parte do Irã, incluindo a falta de respostas claras sobre material nuclear não declarado e a quantidade de urânio enriquecido em sua posse.
Um relatório anterior da AIEA observou que o Irã enriqueceu urânio a 60% de pureza — um nível próximo ao de grau militar, o suficiente para fabricar até nove bombas nucleares.
O Irã, por sua vez, chamou a resolução da AIEA de "política".
Falando dos ataques israelenses a instalações nucleares do Irã, o chefe da AIEA afirmou que os fatos são "profundamente preocupantes".
Em declaração aos membros do conselho, Rafael Grossi disse: "Tenho afirmado repetidamente que instalações nucleares jamais devem ser atacadas, independentemente do contexto ou das circunstâncias, pois isso pode prejudicar tanto as pessoas quanto o meio ambiente".
"Tais ataques têm sérias implicações para a segurança, a proteção e as salvaguardas nucleares, bem como para a paz e a segurança regionais e internacionais."
Um porta-voz das Forças Armadas iranianas acusou os EUA de colaborar nos ataques israelenses, segundo a mídia estatal iraniana.
No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, negou qualquer envolvimento de Washington e afirmou que Israel comunicou que "esta ação era necessária para sua autodefesa".
Enquanto isso, Donald Trump instou o Irã a chegar a um acordo sobre seu programa nuclear.
O presidente americano comentou em sua rede social, a Truth Social, que deu a Teerã "uma oportunidade atrás da outra".
As negociações entre os Estados Unidos e o Irã por um acordo nuclear estão estagnadas e tinham uma sexta rodada prevista para o próximo domingo (15/06).
Em meio as ataques entre Israel e Irã, o governo dos EUA anunciou a evacuação de funcionários em funções não essenciais de sua embaixada em Bagdá, no Iraque, devido ao aumento dos riscos de segurança.
(bbc)
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