É comum no campo cada vez mais fétido da política brasileira a tendência de elogiar o governante que assume e descer o relho nos costados daquele que está prestes a deixar o posto. Na maioria dos casos, o que se esconde por trás da lisonja excessiva é exatamente a busca frenética por cargos e privilégios na nova administração.
No Brasil é assim, quem chega ao poder, seja presidente, governador ou prefeito, logo passa a ser endeusado e paparicado. Ao aproximar-se o fim do mandato, o antes bajulado por um séquito torna-se alvo preferencial de críticas e acusações acerbas. Geralmente, os acusadores e críticos de hoje são os mesmos que, em passado não muito distante, festejaram e validaram a chegada do novo governante, atribuindo-lhe qualidades, habilidades ou talentos inatos.
Em alguns casos, as acríticas e acusações partem exatamente de quem não somente ajudou a eleger o novo dirigente, como também participou de sua administração. O cidadão passou anos e anos trabalhando para um governo, porém, só depois que deixou o cargo, resolveu denunciar eventuais podres da administração. É igual o cônjuge que só percebe características negativas na outra pessoa após a separação. Antes, porém, não via nada de errada ou simplesmente ignorava.
É obrigação do servidor público, não importa se efetivo ou comissionado, independentemente do posto que ocupa, comunicar quaisquer ilicitudes ao superior hierárquico e, posteriormente, denunciar o ilícito aos órgãos competentes. O dever de denunciar irregularidade está prevista em lei, como instrumento para garantir a transparência e a seriedade no serviço público, contudo, há quem prefira o silêncio à verdade. Afinal, é melhor fingir que não viu nada do que falar e contrariar o chefe. Entretanto, deixar para dar com a língua nos dentes quando não mais está no exercício da função pública, soa clara demonstração de vindita pessoal, podendo configurar cumplicidade.
Valdemir Caldas
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