
Redação, Porto Velho (RO), 15 de novembro de 20225 - Hudson M. da R., mais conhecido como Betão da Borracharia, é o personagem central de um esquema criminoso investigado pela Polícia Civil de Rondônia e pelo Ministério Público, que ficou conhecido como o “Caso Betão”. Ele é proprietário de pelo menos três borracharias em Porto Velho — situadas na zona Norte, Leste e em outros pontos da cidade — e é acusado de liderar um sistema de estelionato envolvendo a venda e o investimento em pneus.
Como o golpe funcionava
Segundo as investigações, Betão abordava clientes que procuravam suas borracharias para consertar pneus ou realizar serviços básicos. Ao mesmo tempo, oferecia promoções de pneus novos por valores muito abaixo do mercado, e exigia pagamento imediato por PIX, prometendo que os produtos seriam entregues poucos dias depois porque vinham de um “lote promocional de distribuidor”.
Além disso, ele propunha um “investimento”: dizia que um lote de pneus estava a caminho, transportado por carreta, e convidava clientes a investirem nessa carga. Garantia que, depois de revendê-los, devolveria o valor investido acrescido de parte dos lucros.
Contudo, os prazos de entrega nunca eram cumpridos. Surgiam justificativas, novos prazos, remanejamentos — até que muitas vítimas percebiam que tinham sido enganadas.
Prisão e operação policial
No dia 14 de maio de 2025, a Polícia Civil deflagrou a Operação TIRE (tire = pneu, em inglês), por meio da Delegacia Especializada em Repressão a Fraudes (DEFRAUDE), com apoio da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio (DERF).

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão, bloqueio de bens e valores relacionados a Betão, assim como a apreensão de uma caminhonete usada no esquema.
A Polícia estima que mais de 40 pessoas foram vítimas do golpe, com prejuízo total de mais de R$ 550 mil.
Repercussão pública e judicial
Após a prisão, circulou nas redes sociais um áudio antigo de Betão, no qual ele afirma:
“Meu mundo é coragem, trabalho e respeito. Eu honro meus compromissos e minha palavra vale mais do que qualquer papel assinado.”
Ele também teria chamado uma vítima de “chupeta” em mensagens de áudio vazadas, debochando das cobranças com declarações como “só vai resolver em 10, 15 anos” de processo.
Embora tenha sido preso, Betão chegou a ser solto segundo alguns relatos, mas a informação foi contestada por fontes policiais: ele segue, de acordo com a Polícia Civil, detido na penitenciária José Mário Alves (“Urso Branco”).
Ação do Ministério Público
A 11ª Promotoria de Justiça de Porto Velho, por meio da promotora Daniela Nicolai de Oliveira Lima, propôs uma ação civil pública contra Betão e seus sócios. A denúncia é por práticas abusivas de consumo, propaganda enganosa e estelionato.
O MP pede, entre outras medidas:
- Indenização coletiva de R$ 1 milhão por danos materiais e morais. Suspensão das atividades das borracharias enquanto o processo não for resolvido.
- Proibição da venda de pneus ou produtos semelhantes até decisão judicial.
A ação tramita sob o número 7068357-47.2025.8.22.0001, na 10ª Vara Cível de Porto Velho.
Defesa de Betão
Na sua defesa pública, Betão afirma que está sendo alvo de perseguição e que sua reputação está sendo destruída injustamente. Ele nega as acusações, diz que sempre trabalhou honestamente e que poderá provar que suas transações são legais.

Impacto e alerta à população
Esse caso chama atenção para a vulnerabilidade de consumidores frente a promessas de lucro fácil. Especialistas alertam que ofertas de investimento com retorno garantido, especialmente quando feitas por pequenas empresas ou comerciantes locais, devem ser vistas com cautela. A Polícia Civil orienta que a população desconfie de propostas que parecem "bom demais para ser verdade" e denuncie por meio de canais apropriados.
Fonte: noticiastudoaqui.com