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Busca por eleição na internet é a maior desde 2004

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As eleições deste ano são as que mais despertaram o interesse dos eleitores na internet durante um primeiro semestre desde 2004. Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo na plataforma Google Trends - que analisa estatísticas de pesquisas no maior buscador da rede - marca cinco pontos de interesse pelo tema neste primeiro semestre, contra 3 em 2014 e 2016, por exemplo, anos também marcados pela realização de eleições. Em 2004, o resultado foi de 6, numa escala que vai de 0 a 100.

Historicamente, o pico das pesquisas costuma acontecer a partir de agosto, se prolongando até o momento da eleição. O levantamento mostrou ainda que, em junho, o interesse dos internautas pelo tema "eleição" foi 66,7% maior do que no mesmo período de 2016 e de 2014.

O Google Trends utiliza uma fórmula que relativiza a quantidade de acessos por período, permitindo a comparação nessa série histórica sem distorções. Ou seja: mesmo que, em números absolutos, mais pessoas tenham acesso à internet e pesquisem mais por um determinado tema em 2018 do que na década passada, o que será captado é o total de buscas por um tema em relação a todas as pesquisas feitas na plataforma naquele período.

O mesmo vale para comparar diferentes Estados, por exemplo. A plataforma vai dizer qual Estado teve mais buscas sobre um tema de acordo com o total de buscas naquela região, de forma relativa. Com isso, é possível fazer comparações entre Estados com populações diferentes.

Os dados acompanham a "antecipação" do período eleitoral feito por pré-candidatos na internet. Conforme mostrou o Estado no início de junho, embora o horário eleitoral na TV só comece no dia 31 de agosto, pré-candidatos se anteciparam a esse prazo e passaram a veicular em suas redes sociais programas políticos no estilo usado para pedir votos na TV e no rádio. Segundo especialistas, esse é um dos motivos para o resultado da pesquisa.

"Não se tem ainda o início da propaganda da TV e na rádio. A formalização das candidaturas não foi feita e existe um ambiente de incerteza. Isso já é uma diferença em relação aos anos anteriores, por causa da minirreforma política. Hoje é possível fazer a propaganda nas redes, fazer crowdfunding. Isso muda o comportamento dos pré-candidatos", diz a professora de Ciência Política da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fespsp), Tathiana Chicarino.

Período eleitoral

As estatísticas até junho apontam apenas o início do interesse pelo tema. Quando se considera a série histórica em períodos eleitorais desde 2004, é possível perceber que há aumento constante nas buscas a partir de agosto (entre 10 e 20 pontos), com pico em outubro (90 ou mais pontos). O ano de 2016 foi o que registrou o maior interesse em outubro, com 100 pontos.

Se analisadas as consultadas relacionadas ao tema das eleições, a plataforma aponta que as principais preocupações do brasileiro nos últimos 12 meses estão relacionadas ao cadastramento da biometria: 8 dos 25 termos mais buscados dizem respeito a como e quando se recadastrar para votar. A mudança passou a ser obrigatória em parte dos municípios no País neste ano.

Tocantins foi o que mais buscou pelo tema neste período no País, em termos proporcionais (em relação à população total) - os eleitores do Estado tiveram de escolher um novo governador no domingo passado, depois da cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e de sua vice, Cláudia Lelis (PV). Ambos foram considerados culpados por captação ilegal de recursos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha de 2014. Pela mudança de agenda, os internautas de Tocantins tiveram um pico de buscas por eleição entre os dias 3 e 9 de junho.

Polêmicas

O levantamento feito na plataforma Google Trends, considerando o período desde 2004, mostra que as buscas pelos pré-candidatos disparam em momentos polêmicos, discussões ou tragédias.

Líder nas pesquisas nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (condenado e preso na Lava Jato), o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, aparece com destaque na internet basicamente em dois momentos: quando sai em defesa da ditadura militar e seus personagens ou quando se envolve em alguma polêmica ou processo. O auge de Bolsonaro, com 100 pontos (representando o momento em que mais se pesquisou sobre ele desde 2004) foi quando o deputado federal homenageou o coronel Brilhante Ustra na votação do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, em abril de 2016. O mesmo aconteceu quando foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) por racismo, com 85 pontos, e quando reportagens vasculharam antigos atos de indisciplina no Exército, com 59 pontos.

 O episódio envolvendo Arthur Moledo do Val. O youtuber acusa ter sido agredido por Ciro, em vídeo que viralizou na rede. O momento rendeu 93 pontos.

Marina Silva, da Rede, e Geraldo Alckmin, do PSDB, guardam um aspecto em comum - ambos só aparecem com mais firmeza nas buscas em momentos próximos da eleição ou por conta de tragédias. A morte de Eduardo Campos durante o período eleitoral de 2014 fez Marina atingir 75 pontos nas pesquisas por seu nome no Google, segunda vez em que mais se pesquisou a pré-candidata, perdendo somente para quando ficou em 3º. lugar nas eleições em 2010. Alckmin também foi mais buscado quando perdeu o filho em um acidente de helicóptero.

Nomes que exploram a imagem do novo no cenário eleitoral, os empresários Flávio Rocha (do PRB) e João Amoêdo (do Novo) se destacaram nas buscas quando apareceram em entrevistas ou durante o lançamento de suas pré-candidaturas. Já Henrique Meireles, do MDB, ganha protagonismo quando assumiu o Ministério da Fazenda no governo Temer.

O pré-candidato Guilherme Boulos, do PSOL, teve pico de audiência de 63 pontos em junho de 2005, quando liderou invasão de sem-teto a um terreno da Volkswagen, em São Bernardo do Campo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: Noticias ao minuto


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