CIÊNCIA - Fiocruz Rondônia cria 1ª colônia de mosquitos da malária para pesquisa
Para uma melhor compreensão da relação parasito-hospedeiro e propor alternativas ao tratamento de pacientes infectados com malária, pesquisadores do Laboratório de Entomologia da Fundação Oswaldo Cruz, em Rondônia, criaram a primeira colônia de mosquitos do gênero Nyssorhynchus darlingi ou Anopheles darlingi, como é mais conhecido o principal vetor da doença no país. Trata-se de um estudo inédito no Brasil, já com resultados expressivos explica a coordenadora da pesquisa, Maísa da Silva Araújo, doutora em Biologia Experimental pela Universidade Federal de Rondônia (Unir).
Na prática, com o atual estágio de desenvolvimento da colônia são possíveis experimentos e estudos que antes não podiam ser realizados, dadas as dificuldades de se criar esse mosquito em laboratório. “O principal desafio enfrentado era a cópula, nós trazíamos os mosquitos de campo, alcançávamos o estágio de ovos, larvas e a primeira geração, mas não conseguíamos avançar para a segunda e terceira gerações, hoje, já estamos na décima oitava geração, em condições de laboratório”, destaca a pesquisadora, afirmando que o único grupo de pesquisadores que conseguiu desenvolver a técnica de colonização de Nyssorhynchus darlingi, em laboratório, foi no Peru.
O foco principal do estudo é tentar responder questões que permanecem sem ser esclarecidas, a partir de demandas levantadas pelos próprios pacientes. Como, por exemplo, até que ponto os medicamentos utilizados, atualmente, são eficazes no tratamento e prevenção da doença. São comuns os relatos de pacientes que tiveram recaídas e que foram novamente diagnosticados com malária, logo após o tratamento.
Outra vertente do estudo refere-se ao acompanhamento dos estágios de evolução do parasito no vetor infectado, até o momento que ele será capaz de transmitir a doença ao picar alguém. Além disso, os pesquisadores buscam compreender o que acontece com o mosquito, para ele conseguir desenvolver o Plasmodium, sendo verificada elevada suscetibilidade da colônia ao Plasmodium vivax, “com base nessas informações nós queremos descobrir em que momento e com quais substâncias poderemos eliminar ou bloquear a transmissão da malária, a partir de um mosquito infectado”, reforça Maisa.
ESTUDOS AVANÇAM
Os estudos também avançam em outros pontos considerados essenciais para a compreensão de aspectos epidemiológicos e clínicos da malária na região. Resultados experimentais com potenciais drogas realizados com amostras de sangue de pacientes infectados pelo Plasmodium vivax demonstram importante atividade de bloqueio no processo de transmissão da malária entre mosquitos infectados. Em colaboração com pesquisadores do Instituto René Rachou (Fiocruz Minas) foram testadas substâncias capazes de inibir a ação infectante do parasito, sendo constatados resultados satisfatórios com o experimento em laboratório.
Colônia de Nyssorhynchus darlingi está na 18ª geração
Os resultados alcançados pela pesquisa revelam novas possibilidades, uma vez que os medicamentos disponíveis são, principalmente, para tratamento dos sintomas, havendo a necessidade de novos estudos para a descoberta de substâncias com alto poder de inibição da ação infectante do parasito.
De acordo com a pesquisadora, é isso que a pesquisa busca contemplar, utilizando os mosquitos da colônia. “A partir do momento que realmente tivermos algo que bloqueie a transmissão do Plasmodium, trabalharemos com a proposta de oferecer à população um medicamento ou vacina que seja eficiente tanto no tratamento quanto no bloqueio de transmissão da malária”, sinaliza.
Vale lembrar que a malária é uma doença infecciosa causada pelo parasita do gênero Plasmodium, transmitido ao homem principalmente pela picada de mosquitos do gênero Anopheles infectados. Além do Plasmodium vivax, existem no Brasil as espécies de Plasmodium falciparum e malariae que também afetam o homem. Embora a malária causada pelo Plasmodium vivaxseja considerada mais branda, seu tratamento exige mais do paciente já que esse Plasmodium acaba se alojando por mais tempo no fígado, ocasionando outras complicações à saúde.
A Fiocruz Rondônia como instituição voltada à formação de recursos humanos qualificados e geração de tecnologias que possam ser aplicadas no diagnóstico, tratamento e controle das doenças tropicais, tem oportunizado o desenvolvimento de todas as fases deste projeto que também contou com apoio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e a Pesquisa de Rondônia (Fapero). Para entender a doença é preciso conhecer o vetor responsável por sua transmissão “por isso, a importância de iniciarmos os estudos com esta colônia, caso contrário, não avançaríamos em novas descobertas sobre este vetor” argumenta Maisa.
Fonte: Secom
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