Quatro décadas atrás, só fumaça de panelas

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ColunistaMontezuma Cruz

A família Cinta-larga aquece a comida em seu improvisado e simplório fogãozinho a lenha. Dali saía o arroz, o feijão e a carne de caça bem assada.

Faz 41 anos a foto que Kim-Ir-Sen Leal Pires fez numa de suas visitas ao Posto Indígena do Roosevelt, esse mesmo conhecido no mundo todo por causa da exploração do diamante e da discórdia decorrente da aventura de alguns e da estúpida ganância de outros.

Kim é um fotógrafo intrépido. Nos anos 1970 e 80 transportou-se da burocracia brasiliense para floresta rondoniense, e aqui colheu frutos para seu futuro livro de imagens com textos explicativos e reveladores de nossa realidade antes e pós-Polonoroeste*.

Todos sabem e ninguém nega que, pela Terra Indígena circulam não apenas garimpeiros, mas também, representantes da combalida classe política rondoniense. Sabedores que são da existência da Capital Mundial dos Diamantes, verdadeira reguladora dessa pedra, em Antuérpia (Bélgica).

Mas o assunto é a fumaça. Este ano, a imprensa mundial voltou-se para as chamas que devoraram, outra vez, grande parte da Amazônia Ocidental Brasileira, e de outras Amazônias também.

Comparando-se o efeito da poluição, aquela de 1978 nem dava cócegas, nem pedia colírio.

Nesse quintal Cinta-Larga só havia aquela fumacinha, leve, solta, inofensiva ao verde mais tarde derrubado e no meio do qual esburacaram o subsolo à exaustão à cata do preciosíssimo e cobiçado minério.

Neste Terceiro Milênio da Humanidade, ainda nos curvaremos a situações mais amargas e estarrecedoras. No entanto, a resposta da Mãe da Natureza não tarda. Os estúpidos aguardem para ver – e para senti-la no fígado.

 


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