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E agora, excelência?

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ColunistaValdemir Caldas

Manhã de quarta-feira, 22 de janeiro. Após minha reflexão matinal sobre o Salmo 15, acessei o whatsapp, na página do ativista politico Carlos Caldeira, e lá estava: “PF na ALE”. Surpresa? Nenhuma! Afinal, não é de hoje que a Assembleia Legislativa de Rondônia é alvo de operações desencadeadas pelo Ministério Público do Estado de Rondônia, com a participação da competente Policia Civil. Tantas já foram as operações, que chega a ser até difícil guardar o nome de todas elas na memória.

Recorri ao Tudo Rondônia para me inteirar a respeito do assunto. A matéria, produzida pela assessoria de comunicação do MPRO, falava apenas de um deputado envolvido em um esquema de ressarcimento indevido de gastos com saúde, sem, contudo, citar o nome do parlamentar. Fui para o Rondoniaovivo, e não descobrir a identificação do politico. Voltei ao Tudo Rondônia. Dessa vez, lá estavam escancarados não somente o nome como também a foto do deputado Marcelo Cruz, como pivô da operação intitulada “Dissimulação”, cuja expressão, de tão óbvia, nem precisa dizer o significado.

Fui tomado por um misto de surpresa e decepção. Logo o Marcelo Cruz. Por quê? Ele sempre me pareceu um politico correto, um cristão temente a Deus e uma pessoa cordata. Eu o conheci quando de sua passagem pela Câmara Municipal de Porto Velho. Ele foi presidente de uma das Comissões mais importantes da Casa, qual seja a Comissão de Constituição, Justiça e Redação. Como orador, Cruz tinha um discurso equilibrado, conciso, mas preciso, longe dos frequentes arroubos demagógicos, tão ao gosto de políticos vendilhões.

Certa vez, ele me disse que disputaria uma das vinte e quatro cadeiras da ALE/RO.  Incentivei-o a levar adiante seu projeto politico, acrescentando que ele teria chances reais de vitória, considerando a popularidade de que desfruta no meio evangélico, como de fato aconteceu. Não participei de sua campanha, tampouco votei nele. Já disse (e repito) que não participo de campanhas eleitorais, nem tenho compromisso politico com ninguém. Divulgado os resultados das urnas, eu o parabenizei pelo êxito logrado em sua empreitada, acreditando que, uma vez na Assembleia Legislativa, ele dedicaria integralmente seu mandato à defesa dos legítimos interesses da população, especialmente dos segmentos mais injustiçados. Errei?

E agora, excelência? Não sou juiz. Só há um. Deus, o justo. Não me cabe julgá-lo. Essa tarefa compete somente ao Todo Poderoso. Prefiro esperar o desenrolar dos acontecimentos, pois, como já disse alguém, o tempo é o senhor da razão, mas não posso esconder a minha decepção. O placar do jogo está de goleada para o Ministério Público de Rondônia, que não tem o péssimo hábito da tergiversação, muitos menos costuma atirar a esmo. Nada passa incólume à análise criteriosa de profissionais da mais alta competência. Eles estudam, analisam, pesquisam, reúnem informações, à miúde, sobre os assuntos objetos das investigações, antes de qualquer decisão. Comparo o MPRO a um animal de garras afiadíssimas que, quando não mata sua presa na primeira investida, deixa-a mutilada para o resto da vida. Espero que o senhor consiga provar sua inocência. Caso contrário, restar-lhe-á o caminho doloroso rumo ao ostracismo.  


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