FALANDO AQUI SOBRE O PROJETO AMACRO
Ano passado eu escrevi dois artigos sobre a importância de uma coalisão entre os estados do Amazonas, Acre e Rondônia, especialmente na região geográfica do Norte deste último, onde fica localizada a capital Porto Velho e suas áreas de fronteira para que esta porção do sul da Amazônia possa desenvolver sua vocação agropecuária, atualmente acanhada.
Volto a falar aqui, dessa vez, em tempos de COVID 19 porque o Brasil precisa ampliar empregos, produção e produtividade com vistas a promover internamente a nossa segurança alimentar e também incrementar talvez em mais de 50% seu atual desempenho na venda de produtos para mais de 160 países do globo que também necessitam de assegurar aos seus povos o sagrado alimento diário – o pão da subsistência.
Quero também fazer hoje memória a um grande projeto, hoje sucesso de produção, conhecido há quase quinze anos como MATOPIBA. Essa expressão resulta de um acrônimo criado com as iniciais dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, na verdade designa uma realidade geográfica caracterizada pela expansão agrícola no Brasil baseada em tecnologias modernas de alta produtividade.
O desenho desse projeto inimaginável apenas há vinte anos, foi abraçado técnica e cientificamente pela EMBRAPA e politicamente pela iniciativa de governadores, prefeitos e congressistas idealistas que, somado ao setor empresarial daquela região, puderam dar corpo e forma a investimentos adequados em estudos e pesquisas para a garantia da viabilidade social, ambiental e econômica do agronegócio naquela porção central do país.
O Plano de Desenvolvimento Agropecuário do MATOPIBA, engloba a totalidade do estado do Tocantins e parcialmente os outros três estados mencionados, segundo o censo de 2010 a região possui cerca de 6 milhões de habitantes.
Os números desse Plano são macro, englobando: 73 milhões de hectares distribuídos em 31 microrregiões e 337 municípios; são cerca de mais 324 mil estabelecimentos agrícolas, 46 unidades de conservação, 35 áreas indígenas e 781 assentamentos de reforma agrária, incluindo áreas quilombolas.
Toda a área do Plano MATOPIBA gira em torno de 14 milhões de hectares de áreas legalmente atribuídas.
A grande questão posta desde o ano de 2018, ainda em épocas de campanhas eleitorais, e agora deixada de lado é porque não realizar um Plano AMACRO aqui para os nossos Amazonas, Acre e Rondônia – eis a questão renovada neste artigo.
A parte norte de Rondônia compreende cinco municípios com grande potencial agropecuário e sua área de fronteira com o Amazonas e o estado do Acre podem ser acrescentados algo em torno de mais 12 municípios e as capitais Porto Velho e Rio Branco, gerando empregos no campo e nas cidades e aproveitando deveras os portos públicos e privados da capital rondoniense e o tráfego até Manaus por meio de modal sempre menos oneroso.
A ideia é simplificada pela estrutura existente que já atende a produção dos estados de RO, MT e MS desde 1998 para a soja e outros produtos que poderá ser ampliada para levar também a produção dessa nova região, uma fronteira para o desenvolvimento sustentável com práticas ambientais limpas e certeza: um selo amazônico de produção para a segurança alimentar do mundo.
Caro leitor dessa minha coluna, mais uma vez estou fazendo a lembrança e a proposta de iniciar pelos governos e pelas empresas o necessário e tempestivo debate, especialmente nessa época em que precisamos de projetos estratégicos de desenvolvimento que gere oportunidades de trabalho, emprego, renda e desenvolvimento sustentável.
Os governos dos estados do AM, AC e Rondônia e, possivelmente as federações de empresários precisam tomar as rédeas dessa possibilidade com a realização de reuniões virtuais imediatamente, colocando ainda esse ano nas assembleias legislativas as informações necessárias para a garantia de recursos e orçamentos específicos e, determinando aos seus organismos locais de sanidade vegetal e animal e de pesquisa técnica e científica como a EMBRAPA e outras agencias de competência técnica públicas e privadas para o desenho do PLANO AMACRO DE DESENVOLVIMENTO que poderá ser uma salvaguarda do futuro de algo em torno de 40 mil famílias que certamente possam se interessar em participar das ações e da execução, tendo todos a certeza de ganhos acima da média da atual realidade financeira da agricultura familiar praticada.
Um plano urgente para produção, garantia alimentar interna e vendas externas dos seus numerosos excedentes, é isso que queremos dos nossos governantes, é isso que queremos para contrapor a crise atualmente instalada no Brasil e em nossa região.
Este artigo é mais uma vez um alerta para que possamos sair da inercia e trabalhar com estratégias para o futuro; afinal, por todos em toda a parte é sabido que: “... esperar não é saber, quem sabe (mesmo) faz a hora e nunca espera acontecer. ”.
Graça e Paz.
Francisco Aroldo, economista. .
Conselheiro estadual no CORECON de Rondônia
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