Produção agropecuária e a concorrência comercial no sul da Amazônia brasileira.

Esta década de 20 está no seu fim, ano de desafios sociais, econômicos e para a saúde pública desde o surgimento da pandemia em fevereiro e, seus desdobramentos lógicos para os anos vindouros.
No aspecto da produção agropecuária e das vendas externas desses ativos da segurança alimentar das nações do mundo, o Brasil tem obtido destaque, e gostaria de apresentar uma visão sobre o desempenho de Rondônia como player na comparação com seus concorrentes regionais.
Aqui, nessa porção sul da Amazônia brasileira, Rondônia faz fronteira com o sul do estado do Amazonas, o Acre e o Mato Grosso; por conseguinte, e para entender a importância dessa região produtora de alimentos, podemos considerar ainda os estados do MS e Goiás também como agentes concorrentes nessa produção e comercialização de produtos do setor rural.
Ora, importante levar em consideração os últimos 50 anos em que a ocupação humana nesses estados ocorreu de maneira diversificada e com a atuação forte dos interesses do centro de poder nacional e seus dirigentes.
Outro fator limitante foi que para cada unidade da federação - acima elencadas; de fronteiras abertas para um novo progresso nas décadas de 60, 70 e 80 - foram sendo adaptados à realidade e à cultura do povo assentado. Lembrando que esses brasileiros vieram grande parte do sul e do nordeste – com técnicas agrícolas e pecuárias diferentes, mas que ao longo do tempo se tornaram complementares.
Incentivos como os dados pelos bancos oficiais e os planos locais de desenvolvimento deram o tom para que MT e RO, por exemplo alcançasse nessas três décadas próximas os resultados na produção primária que vemos hoje.
O produto interno bruto (PIB) de Rondônia no ano de 2019 somou R$ 43 Bilhões e 506 milhões de reais enquanto que o estado do MT registrou um PIB de 126 Bilhões e 805 milhões de Reais.
Ora, além das áreas geográficas (Rondônia tem 1/3 das áreas do Mato Grosso) e dos seus conteúdos históricos próprios, o desempenho desses dois players regionais merecem nosso destaque e sinalizam para os projetos da próxima década que precisam envolver planos de governo (Estado) e investimentos privados (empresas) para a sustentação desse desempenho.
Considerando que essa faixa do sul da Amazônia compreende áreas do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, gostaria de frisar aqui que é preciso um bom esforço dos prefeitos de capitais e do interior dessas regiões e dos senhores governadores de estado para os próximos anos num ritmo de alianças para o desenvolvimento sustentável com modelos de produção agropecuária que possam estar em concordância com a lei, mas também com as necessidades de produção e abastecimento do sagrado alimento a todas as famílias nacionais e estrangeiras.
Um modelo que poderá ser amplamente debatido em 2021 para a próxima década é o PLANO AMACRO onde alguns desses players regionais possam somar esforços e recursos públicos e privados para a prosperidade.
O plano AmAcRo (Amazonas, Acre e Rondônia) poderá e deverá consistir em um roteiro técnico, econômico, social e ambiental com base em produção agroflorestal sustentável como modelo de exploração consciente e por meio de agroindústrias verdes que possam poluir minimamente e inaugurar novas formas de resíduo zero.
Não se consegue preparar um plano assim se não houver união de esforços com a correta visão de futuro, dentro dos conceitos tecnológicos e de um arcabouço legal e moral que apresente ao mundo o valor de soberania e responsabilidade com esse valioso bioma.
Para além do indicador econômico que conhecemos como o PIB, para além das relações comerciais e de exportação dos incríveis excedentes, o plano AMACRO e seus desdobramentos para o horizonte das próximas décadas requer homens e mulheres preparados hoje e compromissados com aqueles que estão vivos e que ainda vão nascer.
Quando somamos os indicadores do PIB desses estados localizados nessa região delimitada como sul da Amazônia brasileira temos o montante de quase R$ 280 bilhões de reais, valores que em dez anos podem simplesmente dobrar, dado ao bom planejamento, boas condutas de parcerias estratégicas e visão ética para o futuro.
Os conceitos por exemplo de cidades sustentáveis sonhados por um cem número de brasileiros e membros de outras nacionalidades, pode ser um tema basilar para os prefeitos que tomam posse em janeiro do ano que vem.
No traçado da região aqui delimitada, como sul da Amazônia, projetos de cidades com práticas sustentáveis no meio rural e nos centros de vida urbanizada certamente serão pontos estratégicos e de caráter inclusive de mudança cultural para os habitantes, o que, requer mais uma vez união de esforços técnicos, políticos e econômicos com a captação dos recursos financeiros necessários junto aos orçamentos públicos e aos investidores privados.
Portanto, vamos à obra, com mãos, mentes e consciências ampliadas; sintonia e o bom sentimento de cidadania e compromisso com o futuro.
Francisco Aroldo, economista - Conselheiro do CORECON/RO.