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Mensalão, petrolão e, agora, rachadinha

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ColunistaValdemir Caldas

Tantos são os escândalos e casos de corrupção de que se têm notícia na história política do Brasil que chega a ser até difícil guardar todos na memória. Nos últimos dezoito anos, apenas para mencionar os mais escabrosos, tivemos o mensalão, que deu seus primeiros sinais de vida no início de 2004. O esquema foi responsável pelo desvio de duzentos milhões de reais dos cofres públicos para alimentar parlamentares da base aliada do governo Lula. Em 2009, pipocou o escândalo dos incentivos fiscais, que gerou um prejuízo de um bilhão e trezentos milhões de reais em impostos no caixa do tesouro nacional. Na esteira das bandalheiras, explodiu o petrolão, em 2014, que mandou pelos ares a reputação de muita gente metida a moralista. Apontado como um dos maiores esquemas de corrupção do mundo, a picaretagem foi descoberta na Operação Lava Jato e, segundo os órgãos de investigação, causou um rombo de quase quarenta e três bilhões de reais aos cofres públicos.

Nos dias que correm, a palavra da moda no meio político brasileiro é rachadinha, cuja prática consiste na transferência de parte ou de todo o salário do assessor para o parlamentar, a partir de um acordo político pré-estabelecido como uma exigência para o exercício da função pública. Curiosamente, setores da mídia resolveram tratar o assunto como se fosse alguma coisa inédita, mas os registros dessa modalidade de crime são antigos e abundantes. Se comparada a essas e outras pilantragens, a rachadinha, em termos de prejuízos ao erário, equivaleria ao preço de um cafezinho, o que não diminui em nada a gravidade do delito. O caso só ganhou proporções quilométricas porque o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro aparece no meio da tempestade. Ele é acusado de contratar funcionários fantasmas que lhe devolviam parte dos salários quando era deputado estadual pelo estado do Rio de Janeiro. É um risco acreditar, porém, que a prática da rachadinha só existiu na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. Dias atrás, o jornalista Sérgio Pires botou o dedo na ferida, colocando sob suspeição uma Casa de Leis. Escreveu com a experiência de quem conhece o chão onde pisa, o que, provavelmente, deve ter despertado a curiosidade dos órgãos de fiscalização e, de quebra, deixado muita gente com a  pulga atrás da orelha. 

Valdemir Caldas


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