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Ariquemes, minha terra vitoriosa

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ColunistaOsmar Silva

Dormi no Hotel do Cici, sobre a Rodoviária de piso de cimento coberto com serralha de madeira, a minha primeira noite em Ariquemes. Do outro lado da rua de chão de lama grudenta, hoje Avenida Tancredo Neves, no meio do mato, mas já batizada de Área Institucional, o Pau do Fuxico do mesmo Cici, altos falantes que, do cume de um poste de madeira, mandava música caipira e recados para os ‘parceleiros’ – como todos se denominavam -  que chegavam e partiam em ônibus velhos que, por milagre, corriam as poucas vias existentes de primeira penetração. Verdadeiros carreadores. Era um dia de março de 1979.

Ao andar pela cidade, que só tinha o Setor 1 em implantação e a hoje Avenida Capitão Sílvio de Farias, na época uma estradinha de chão no meio da mata chamada de RO-01, sem conhecer ninguém, com todos os sentidos em alerta para tudo que via e ouvia, acabei entrando na Casa Daltiba, ao lado do Comercial Corbélia, na já tratada como Avenida Jamari.

Solícito, Osvaldo Daltiba me recebeu percebendo que eu era mais um novato recém-chegado. Me apresentei dizendo-lhes ter chegado de Itabuna, Bahia, da minha profissão e da minha missão: escrever sobre o Projeto Burareiro, que estava sendo implantado no município em terras doadas pelo Incra, com financiamento do Banco do Brasil, para os selecionados criarem a mais nova lavoura cacaueira do país.

Em seguida, ele me apresentou a pessoa com quem falava. Um cidadão muito branco, cabelo louro escasso, olhos azuis e sotaque carregado de gente do sul, bem caipira. Era Lérson Sápiras, do dono do maior comercial de abastecimento alimentar e outras tantas coisas da cidade.

Sobre o balcão da loja do Daltiba, que pegava de uma ponta à outra do salão, um tecido branco aberto e esparramado. Mal me identifiquei os dois falaram quase em uma só voz: pronto! Já temos um jornalista pra nós ajudar. Tratava-se de elaborar frase de recepção ao governador do Território Federal de Rondônia, coronel Humberto Guedes, que estava na iminência de chegar na cidade. E o pano esperava a inscrição de boas-vindas. Foi minha primeira contribuição ao desenvolvimento da cidade de Ariquemes, de onde não saí mais até mudar-me para Porto Velho dezoito anos depois.

Mas parece que foi ontem. Lembro, sinto saudade e reverencio verdadeiros pioneiros que os interesses políticos mais imediatos ocultam. As homenagens e reconhecimento vão, em regra, para quem pode ajuda-los agora, hoje, na próxima eleição. E esquecem aqueles que, verdadeiramente, são os ‘mais destemidos pioneiros’ como canta o nosso hino.

Registro alguns nomes sobre os quais me dedicarei, noutros momentos, a registrar a importância de cada um: o técnico agrícola grapiúna Demerval Borges e sua mulher professora Vitória Alda; o burareiro Carlos Guerreiro e sua mulher professora Glísia; o culto técnico eletrônico baiano Temístocles Maia; o arrojado Joel Simeão; Denizar Raposo e sua mulher Marli, protetora dos idosos, e seus irmãos; o idealista Hirama Massao; o burareiro e já político Abel Soares; a professora Geni Panizi; o ilustre Padre Catarino; o dedicado pregador da Igreja Assembleia de Deus, Pastor Dedê; a ilustre professora Júlia Patta e o inesquecível Pedro de Oliveira Filho e a sua Assunção.

Esta, uma pequeníssima amostra de cidadãos e cidadãs, entre tantos outros a ser nominados, que merecem nosso respeito e nossa reverência.

Amo Ariquemes. Minha segunda terra. Chão que gerou um dos meus filhos e fez homem a outro e que até hoje os acolhe. Parabéns por trajetória tão auspiciosa, aos 44 anos de emancipação, como exemplo de dinamismo e progresso para o Brasil.

Fonte: noticiastudoaqui.com

Autor: Osmar Silva

 

 

 

 


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