CIÊNCIA E ESPAÇO - Canadá realiza primeiro teletransporte holográfico internacional da história
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Em outubro de 2021, a NASA conseguiu transportar um holograma de um médico para a Estação Espacial Internacional (ISS), tornando-o o primeiro “holonauta” do mundo. O termo “teletransporte holográfico”, também chamado de “holoporte”, se aplica quando um holograma de uma pessoa ou um objeto é transmitido instantaneamente para outro local.
No fim do mês passado, um pequeno grupo de estudantes do Western Institute for Space Exploration (Instituto Ocidental de Exploração Espacial, em tradução livre), uma organização de pesquisa e treinamento de exploração espacial e terrestre no Canadá, se reuniu para participar do que se acredita ser a primeira experiência internacional de holoporte.
“Tivemos a incrível oportunidade de demonstrar o primeiro teletransporte holográfico internacional bidiretivo”, disse o cofundador e líder do projeto, Adam Sirek, membro do corpo docente da Faculdade de Medicina e Odontologia Schulich, na Universidade de Ontário Ocidental, e do Western Space. “Transportamos uma pessoa do Alabama (EUA) para Ontário (Canadá), e cada um dos estudantes aqui no projeto pôde se holoportar instantaneamente em forma até Huntsville, no Alabama”.
De acordo com um comunicado da Universidade, a equipe, composta em grande parte por estudantes de medicina, está explorando a forma como essa tecnologia futurista (cujo hardware foi desenvolvido pela Microsoft, e o software pela Aexa Aerospace) pode ser usada no mundo real.
A empresa norte-americana Aexa fez uma parceria com a canadense Leap Biosystems para explorar aplicações médicas para a tecnologia, que permitiu a demonstração do primeiro teletransporte holográfico internacional.
Adam Sirek, professor da Faculdade de Medicina e Odontologia Schulich, da Universidade de Ontário Ocidental, e do Instituto Ocidental de Exploração Espacial, no Canadá, usando hololentes do projeto do qual é líder. Imagem: Universidade de Ontário Ocidental
Uma câmera especial cria uma imagem holográfica de uma pessoa, que é então enviada para o destino escolhido. Na outra ponta, um dispositivo chamado hololente permite que o usuário receptor veja o sujeito dentro de seu ambiente. Se ambos estão usando hololentes, eles podem interagir como se estivessem no mesmo ambiente.
“É o melhor dos dois mundos entre medicina e engenharia”, descreveu o universitário e estagiário do projeto Adam Levschuk. “As aplicações que estou particularmente olhando poderão facilitar exames físicos que um médico normalmente realizaria em uma sala de exame”.
Embora ainda haja muito trabalho a ser feito para tornar possível a realização de um exame médico virtual usando hololentes, Levschuk se diz animado para explorar todas possibilidades do programa.
Para outro estagiário do projeto, o também estudante de medicina Alex Zhou, as implicações da tecnologia podem ser enormes para o acesso aos cuidados de saúde em locais remotos. “Este é o futuro dos cuidados de saúde em termos de acesso a comunidades afastadas e ambientes remotos e rurais”.
Modernidade aliada à economia
Sirek concorda com Zhou, enfatizando que o custo da tecnologia atualmente é de cerca de cinco mil dólares canadenses (quase R$20 mil), o que, quando comparado ao custo de locomoções médicas ou viagens para exames, mostra que a técnica poderia representar uma enorme economia financeira para os sistemas de saúde.
A promessa de novas tecnologias, inevitavelmente, sempre traz algumas limitações e obstáculos a serem superados – e é aí que entra o lado da engenharia do projeto.
“No que diz respeito às hololentes, estou meio que examinando quais biossensores podem ser fáceis e também realmente úteis para se integrar a ele”, disse Jocelyn Whittal, estudante de engenharia do terceiro ano na Western. “Quer seja como monitorar a frequência cardíaca e a saturação de oxigênio, quer seja até mesmo olhar para os hápticos”, disse ela, referindo-se à tecnologia que transmite e compreende informações através do toque.
Embora o teletransporte holográfico possa levar a imagem de uma pessoa a viajar através das fronteiras, ele ainda não permite a interação por toque, o que é fundamental em um exame médico.
Além da aplicação na medicina, a tecnologia apresenta outras vantagens com seu potencial de conectar as pessoas. Reuniões virtuais, que ganharam fôlego com o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, podem ganhar um aspecto físico tridimensional com o uso do teletransporte holográfico.
Para Sirek, uma das partes mais emocionantes do projeto é “ver a nova geração de estudantes enfrentando os desafios de hoje para um mundo melhor e mais conectado amanhã”.
(olhardigital)
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