Miopia fatal

ColunistaValdemir Caldas

Que o presidente da República Jair Bolsonaro tem lá seus pecados, defeitos e manias – alguns, convenhamos, condenáveis; outros, porém, nem tanto – isso não se tem dúvidas. E quem não peca, que atire a primeira pedra, como ensinou Jesus quando escribas e fariseus trouxeram-LHE uma mulher apanhada em adultério para ser apedrejada como manda a Lei de Moisés. E Jesus, que conhece o nosso coração, em Sua infinita misericórdia, cunhou a frase acima que calou aqueles falsos puritanos, ágeis no gatilho na hora de apontar o dedo na direção dos outros, mas incapazes de reconhecer as próprias fraquezas, como muitos de nossa época.

Mas o governo de Bolsonaro não é somente desgraça e lambanças como seus adversários insistem em apregoar. Verdadeiramente, desde que ele chegou ao Palácio do Planalto não se ouve falar em corrupção. E olha que seu governo vem sendo vigiado vinte e quatro horas por órgãos de fiscalização e setores da mídia, que não dão um minuto de trégua ao presidente. E o bombardeio parte de todos os lados. Sinceramente, se alguma autoridade do governo tivesse metido a mão na cumbuca do erário, a turma do contra já teria colocado fogo no país, ou não? Petrolão, mensalão, entre outras bandalheiras do gênero, são coisas do passado, que não cabem mais na moldura dos tempos modernos.

Reconhecidamente, o governo pisou na bola no combate à covid-19, principalmente no pico da pandemia. Se o Brasil tivesse agido como agiram outros países, como o Chile, a situação teria sido diferente. Muitas vidas teriam sido poupadas. Muitas famílias não estariam hoje chorando a perda de seus entes queridos. Isso é fato! Negá-lo seria o mesmo que tentar tapar o sol com a peneira. Reconhecê-lo, porém, seria um gesto de grandeza por parte das autoridades brasileiras a que nem todos estão acostumados.

Agora, tem gente que gosta de colocar lenha na fogueira só para colher as melhores castanhas no braseiro. Pior, ainda, são os míopes, que se esforçam para enumerar realizações do governo Lula na tentativa tresloucada de justificar a roubalheira que correu solta neste país, como se roubar dinheiro público fosse a coisa mais natural do mundo. Isso é algo que só entra na cabeça de quem tem no lugar dos miolos aquilo que as moscam adoram. É pretender subestimar a inteligência das pessoas, colocando-as no mesmo patamar dos néscios que creem cegamente nessa sandice.  

(*) Por Valdemir Caldas