TERREMOTO NA TURQUIA E NA SÍRIA - A ajuda humanitária começa a chegar nos lugares mais afetados; mortes passam de 21 mil
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Mais de 21 mil pessoas já morreram após os terremotos de segunda-feira no sul da Turquia e no norte da Síria. As equipes de resgate afirmam que os números continuarão subindo nos próximos dias.
Sem abrigo, água, combustível ou eletricidade, a Organização Mundial da Saúde (OMS) teme que muitos dos sobreviventes ainda possam vir a morrer devido a essas condições. Um representante da entidade alertou para a possibilidade de um "novo desastre" humanitário, caso a situação dos sobreviventes não seja melhorada.
Nas últimas horas, os primeiros comboios com ajuda humanitária começaram a chegar às partes mais afetadas da Síria.
As equipes de resgate continuam seu trabalho meticuloso pelo quinto dia consecutivo, mas há menos esperanças de encontrar sobreviventes na medida em que o tempo passa.
As temperaturas caíram abaixo de zero pela quarta noite seguida desde o terremoto.
Na cidade turca de Gaziantep, perto do epicentro, milhares de famílias tentaram novamente dormir em carros e barracas improvisadas.
Mesquitas e escolas foram abertas para abrigar pessoas, mas os leitos são escassos. Muitos pais caminham pelas ruas na tentativa de se aquecer com as crianças enroladas em cobertores.
Moradores da cidade síria de Aleppo dizem que precisam desesperadamente de aquecimento e suprimentos, pois o frio pode causar mais mortes entre os dezenas de milhares de desabrigados.
Ajuda humanitária
Os primeiros caminhões das Nações Unidas cruzaram a Turquia para o noroeste da Síria controlado pelos rebeldes na quinta-feira (9/2), mas o grupo de resgate dos Capacetes Brancos expressou desapontamento com a remessa.
Eles dizem que essa é a assistência periódica que acontece desde antes do terremoto, e não um auxílio especial com o equipamento necessário para que as equipes de resgate consigam tirar as pessoas que ficaram presas sob os escombros.
O secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, confirmou que o primeiro comboio de ajuda humanitária chegou ao noroeste da Síria, mas acrescentou que é necessário fazer muito mais nesta área controlada pelos rebeldes.
Em comunicado, Guterres disse que o comboio era composto por seis caminhões que transportavam abrigo e outros suprimentos de socorro.
"A ajuda está a caminho, mas é necessário muito mais."
Já a OMS declarou que esses locais estão sob o risco de um "segundo desastre iminente".
Hans Kluge, diretor regional da OMS para a Europa, disse à BBC News que a maioria das comunidades na Síria devastada pela guerra depende de reservatórios de água, que são elevados em relação ao solo, e foram os primeiros a desmoronar devido ao terremoto.
O representante da OMS afirmou que esses reservatórios precisam ser substituídos com urgência, já que o país enfrenta surtos de cólera — que eram um problema mesmo antes do terremoto, acrescenta
Na quinta-feira (9/2), o Banco Mundial prometeu US$ 1,78 bilhão (R$ 9,42 bi) em ajuda, incluindo financiamento imediato para a reconstrução da infraestrutura básica e para apoiar os afetados pelos terremotos.
Os Estados Unidos prometeram um pacote de US$ 85 milhões (R$ 449 mi) para ambos os países.
Os Capacetes Brancos reforçaram que "o tempo está se esgotando" para salvar vidas e que "centenas de famílias" ainda estão presas sob os escombros.
A organização afirma que suas equipes continuam procurando sobreviventes "em meio a grandes dificuldades" e que precisa de máquinas pesadas para remover os escombros.
"Cada segundo pode significar salvar uma vida", dizem eles.
Barreiras logísticas
Fazer a ajuda chegar ao noroeste da Síria é um grande desafio para a comunidade internacional.
As rotas que existiam no país — que está há quase 12 anos em guerra civil — foram gradualmente fechadas ao longo dos anos. Atualmente, existe apenas uma passagem desse tipo no território controlado pelos rebeldes: a passagem de Bab al-Hawa.
Ela segue aberta devido a um mandato do Conselho de Segurança da ONU.
O mandato foi renovado novamente em janeiro por mais seis meses. Mas os danos causados à travessia durante o terremoto fizeram com que a rota ficasse fechada por vários dias.
Mesmo quando a travessia está em uso, ainda é extremamente difícil levar ajuda para a Síria. Devido à situação política, os comboios de ajuda não conseguem passar e chegar ao noroeste da Síria controlado pelos rebeldes.
Críticas na Turquia
Na Turquia, muitos estão criticando a resposta lenta de serviços de emergência ao incidente. O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reconheceu que o governo encontrou alguns problemas, mas disse que a situação agora está “sob controle”.
O líder do principal partido de oposição da Turquia, Kemal Kilicdaroglu, disse que "se há uma pessoa responsável por isso, é Erdogan". Erdogan rejeitou a acusação e disse que é preciso haver unidade após o desastre. "Em um período como este, não posso tolerar pessoas conduzindo campanhas negativas por interesse político", disse o presidente.
Milhares de sobreviventes passaram as últimas noites em condições de frio intenso.
"Temos muitas pessoas que sobreviveram e agora estão ao relento, em condições horríveis e cada vez piores", disse o gerente de resposta a terremotos da OMS, Robert Holden.
“Corremos o perigo real de ver um desastre secundário que pode causar danos a mais pessoas do que o desastre inicial se não nos movermos com o mesmo ritmo e intensidade que estamos fazendo na busca e resgate.”
O primeiro terremoto, originado perto da cidade de Gaziantep, teve 7,8 de magnitude e ocorreu às 4h17 de segunda no horário local (22h17 de domingo, no horário de Brasília), enquanto muitas pessoas dormiam.
Um segundo terremoto, de 7,5 de magnitude, foi registrado perto da cidade de Kahramanmaras às 13h30 de segunda em horário local (7h30 da manhã de segunda-feira, no horário de Brasília). As autoridades disseram "não ser um tremor secundário".
Os sobreviventes desalojados passaram frio na noite de terça-feira (7/2). Em Gaziantep, epicentro do primeiro terremoto na Turquia, a temperatura chegou a -1°C.
Nas regiões montanhosas, a mímima foi de -5°C.
A previsão de tempo para os próximos dias no sul da Turquia e no norte da Síria é de mais frio.
"Nesse ponto, a temperatura do corpo se iguala à temperatura do ambiente. O ritmo em que isso ocorre depende do isolamento que a pessoa tem ou de ela conseguir um abrigo subterrâneo. Mas, em última análise, muitas pessoas podem acabar sucumbindo à hipotermia", disse Moon.
Na Turquia, o presidente Recep Tayyip Erdogan declarou estado de emergência por três meses nas dez províncias mais afetadas pelos tremores.
Além de sofrer com os efeitos de ambos os terremotos, a Síria está com problemas para receber ajuda humanitária da ONU devido a danos nas estradas que ligam a Turquia ao país.
"Esta é uma crise maior do que as várias crises na região", disse Adelheid Marschang, diretora da OMS, sobre a Síria.
Ela diz que as necessidades do país são altas após "quase 12 anos de crise prolongada e complexa, enquanto o financiamento humanitário continua diminuindo".
Natalie Roberts, diretora dos Médicos Sem Fronteiras no Reino Unido, tem uma equipe na Síria.
“É uma catástrofe em cima de uma catástrofe. Em algumas partes da Turquia, como Gaziantep, há milhões de refugiados sírios morando frequentemente em moradias não muito robustas. É uma receita para o desastre”, disse a médica, acrescentando que um colega morreu soterrado nos escombros.
Roberts explica que as pessoas que permanecem muito tempo sob os escombros sofrem lesões por “esmagamento” que podem levar à insuficiência renal.
“Prevemos quadros assim nas próximas semanas”, diz.
“Precisamos pensar rapidamente em como fornecer condições de vida mais robustas para que as pessoas não sucumbam, por exemplo, a outro surto de cólera ou a outras doenças que possam advir desta situação”.
O norte da Síria vai sofrer com as consequências dos terremotos por "meses e meses", lamentou Roberts.
O tremor também foi sentido no Líbano e em Chipre.
Rushdi Abualouf, repórter da BBC na Faixa de Gaza, disse que houve cerca de 45 segundos de tremores na casa em que ele estava hospedado.
A Turquia fica em uma das zonas de terremotos mais ativas do mundo.
Em 1999, mais de 17 mil pessoas morreram depois que um forte terremoto atingiu o noroeste do país.
Mas os terremotos deste fevereiro de 2023 são o maior desastre do país desde 1939, segundo o presidente da Turquia, Recep Erdogan.
(bbc)
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