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AMEAÇA AO PAÍS - “Hipopótamos da cocaína” acendem alerta na Colômbia

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Entenda por que os hipopótamos, introduzidos na Colômbia pelo narcotraficante Pablo Escobar em 1981, são considerados uma ameaça ao país

 

Um levantamento feito pelo Ministério do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Colômbia aponta que Pablo Escobar, um dos narcotraficantes mais conhecidos do mundo, deixou uma herança perigosa para o país: os chamados “hipopótamos da cocaína”.

Tudo começou em 1981, quando “El Patrón” importou ilegalmente um macho e três fêmeas da espécie Hippopotamus amphibius de um zoológico nos EUA e os transferiu para a Hacienda Nápoles, famosa residência do criminoso internacional localizada na cidade de colombiana de Doradal, no vale do rio Magdalena.

Após a morte de Escobar, em 1993, os animais (que são os herbívoros mais agressivos do mundo) foram deixados à própria sorte, procriando e se dispersando nas áreas circundantes, estabelecendo uma população saudável ao longo do rio. Agora, no entanto, o censo do governo revelou que há cerca de 215 hipopótamos no país – o dobro do esperado originalmente. Cientistas alertam que os animais, vivendo em relativa segurança pela proibição da caça e ausência de predadores, podem chegar a 1.500 até 2035. 

Hipopótamo à margem do rio Magdalena, na Colômbia. Esses animais, que não são nativos foram importados para o país pelo narcotraficante Pablo Escobar, se multiplicando desenfreadamente e representando uma ameaça grave à biodiversidade local. Crédito: Guillermo Ossa – Shutterstock

Além disso, os pesquisadores descobriram que cerca de 37% deles são jovens, o que indica que a reprodução está acontecendo mais cedo e com mais frequência. Esses animais podem procriar durante a maior parte da vida, que é estimada entre 40 e 50 anos.

Pesquisadores da Universidade Nacional da Colômbia, do Instituto de Pesquisa de Recursos Biológicos Alexander von Humboldt, em Bogotá, e do Cornare, órgão ambiental que administra uma área onde vivem os hipopótamos, fizeram grandes esforços para contabilizar os animais, gerando um estudo aceito para publicação esta semana pela revista Nature.

Além de ser perigoso se aproximar deles, os hipopótamos são seres noturnos, viajam longas distâncias e passam até 16 horas submersos na água, dificultando severamente o monitoramento.

Outro ponto que agrava a situação é que esses animais têm um enorme impacto no ambiente físico, destruindo mais de 50 kg de vegetação diariamente, por exemplo, e ameaçando espécies nativas, com o peixe-boi (Trichechus manatus), a lontra neotropical (Lontra longicaudis) e a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), que são vítimas do apetite voraz dos hipopótamos. 

As margens dos rios também estão sendo severamente erodidas à medida que eles entram e saem da água – que também está sofrendo devido à defecação exagerada desses animais.

Esterilizar os hipopótamos é caro e demorado

Embora os hipopótamos tenham começado a ser esterilizados pelo governo em 2011, um número muito pequeno deles foi tratado, devido aos custos e logística de aproximação. 

Uma estratégia é administrar contraceptivos nos animais por dardo. Isso pode gradualmente eliminar hipopótamos, impedindo sua reprodução, mas é um processo lento, caro e que não foi testado em grande escala antes. Estima-se que o método poderia erradicar os hipopótamos em 45 anos por não menos que US$850 mil.

A opção do abate é polêmica. Quando um macho agressivo chamado Pepe foi legalmente capturado e morto em 2009, isso gerou protestos e acabou levando à proibição da caça. No início deste ano, a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, prometeu proteger, e não reduzir, a população de hipopótamos, o que acendeu o sinal de alerta entre pesquisadores preocupados com a biodiversidade do país.

“Há um peso moral na decisão de abater um hipopótamo”, disse Rafael Moreno, ecologista do Instituto Humboldt que fez parte do estudo.  “Mas o peso da outra decisão – a inação – é muito maior”.

(olhardigital)


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