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BLOQUEIO NO SONHO MEGALOMANÍACO DE LULA - Javier Milei é eleito presidente da Argentina e promete guinada econômica no país

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O economista libertário Javier Milei, de 53 anos, venceu o peronista Sergio Massa no segundo turno da eleição presidencial argentina e será o novo presidente do país vizinho pelos próximos quatro anos.

Com mais de 98% dos votos apurados, Milei tinha 55,75%, uma vantagem de 11,5 pontos percentuais sobre o rival.

Em fala a apoiadores na noite deste domingo (19/11), o atual ministro da Economia admitiu a derrota e disse ter ligado para Milei para cumprimentá-lo.

A fala do peronista ocorreu mesmo antes da divulgação de resultados oficiais, o que só aconteceu pouco antes das 21h, confirmando vantagem irreversível de Milei.

O presidente eleito toma posse do cargo já no próximo dia 10 de dezembro.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comentou os resultados na Argentina sem, no entanto, mencionar nominalmente Milei. O presidente eleito argentino já chamou Lula de "corrupto" e "comunista" e prometeu não ter relações próximas com o brasileiro.

"Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", escreveu Lula no X, antigo Twitter. que acrescentou que "a democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada".

Milei ingressou na política apenas há dois anos com um novo partido, chamado A Liberdade Avança, e se define como anarcocapitalista, uma corrente que defende um papel mínimo para o Estado.

Ele conseguiu se eleger deputado em 2021 e surpreendeu quando ficou em primeiro lugar por ampla margem nas primárias de agosto passado, quando os partidos definem seus candidatos, mas que servem como termômetro para as eleições.

 

Apoiadores de Milei perto do comitê de campanha do candidato neste domingo de segundo turno

 

Milei passou a campanha com a promessa de adotar soluções radicais para um quadro econômico em estado crítico, com uma inflação interanual que ultrapassou 142% em outubro e níveis de pobreza que atingem mais de 40% da população (e 56% nas crianças menores de 14 anos).

A isso soma-se o fato de os cofres do Banco Central estarem vazios, as contas públicas no vermelho e o país ser o principal credor do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual deve pagar pelo empréstimo de US$ 44 bilhões (R$ 213 bilhões, em valores atuais) contraído em 2018 durante o governo de Mauricio Macri (2015-2019).

O presidente eleito, por sua vez, quer cortar drasticamente os gastos públicos, dolarizar a economia e fechar o Banco Central, e definiu o atual governo como uma "casta política parasitária" e o peso como "excremento" (aprofundando, segundo seus críticos, a turbulência financeira do país).

Tendo sido o mais votado nas primárias de agosto, havia a expectativa de que ele poderia vencer no primeiro turno — mas Milei não só não conseguiu tal feito, como ficou em segundo lugar, atrás de Massa.

Durante sua campanha, lançou ideias polêmicas como permitir o porte de armas na Argentina e a venda de órgãos, e criticou a educação e a saúde pública.

Porém, durante a campanha do segundo turno, Milei optou por suavizar o tom em suas posições mais extremas.

 

Javier Milei foi o mais votado nas primárias, mas acabou em segundo lugar no primeiro turno

 

Ele também gerou polêmica ao criticar duramente o papa Francisco (a quem acusa de apoiar o comunismo), ao se manifestar contra a legalização do aborto e ao relativizar a violência militar durante a ditadura.

Mas a sua crítica direta aos setores tradicionais da política argentina, a quem ele depreciativamente chama de "a casta", foi o que o levou a se conectar com os eleitores mais jovens, insatisfeitos com o atual estado das coisas no país.

Milei foi comparado a outros políticos de extrema direita, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e o ex-presidente do Brasil Jair Bolsonaro (PL).

"Conseguimos construir esta alternativa competitiva que não só acabará com o kirchnerismo, mas também acabará com a casta política parasitária estúpida e inútil que existe neste país", afirmou ele, com o tom beligerante que o caracteriza.

Milei se tornou famoso como comentarista econômico na TV e entrou na corrida presidencial com um novo e disruptivo discurso, que define como libertário e anarcocapitalista. Ele será primeiro economista a chegar à Casa Rosada.

Entre alguns eleitores, sua figura gera medo e rejeição porque o acusam de ser incendiário, beligerante e perigoso.

No entanto, Milei conseguiu captar o voto dos mais insatisfeitos com décadas de crise no país.

"Ele conseguiu capturar o tédio dos que estão no topo, dos que estão na base, dos que estão no meio, das crianças, dos adultos, o cansaço de todos", diz Juan Carlos de Pablo, economista da Universidade de San Andrés e amigo de Milei há mais de 30 anos.

(bbc)


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