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CIÊNCIA E ESPAÇO - James Webb descobre que “asteroide de ouro” pode estar enferrujando

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Hidratação na forma de ferrugem detectada pelo Webb pode ajudar a definir as origens do asteroide 16 Psyche

 

Graças ao Telescópio Espacial James Webb (JWST), da NASA, cientistas fizeram uma descoberta intrigante no asteroide Psyche, conhecido por sua alta concentração de metais. Eles identificaram a presença de um componente de água, sugerindo que a superfície da rocha contém hidratação na forma de ferrugem, o que pode fornecer pistas sobre a origem desse corpo celeste.

Localizado no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, o asteroide 16 Psyche se destaca por suas características peculiares. Com uma extensão de aproximadamente 280 km em seu ponto mais largo, o objeto já foi considerado um corpo composto quase exclusivamente por metal. Acreditava-se que ele poderia ser o núcleo exposto de um planetesimal, uma das primeiras estruturas formadoras de planetas, potencialmente revelando segredos sobre a formação da Terra e outros mundos rochosos.

Conceito artístico do asteroide 16 Psyche. Crédito: Arizona State University

A especulação sobre a composição rica em metais desse asteroide motivou a NASA a lançar a missão Psyche, em outubro de 2023, com o objetivo de explorar o objeto de perto quando a sonda chegar ao destino, em 2029.

Avaliações preliminares sugeriram que os metais presentes no asteroide poderiam ter um valor astronômico, de cerca de US$10 quintilhões – o que equivale a 70 mil vezes o valor da economia global. Por essa razão, ele é muitas vezes referido como “asteroide de ouro”.

No entanto, novas observações lançam dúvidas sobre essa composição puramente metálica. Dados recentes indicam que Psyche pode ser um misto de metal e silicato, e não um corpo inteiramente metálico como se pensava. Em 2016, foram detectadas assinaturas de hidroxila – moléculas que fazem parte da água – sugerindo a presença de pequenas quantidades de água na superfície do asteroide. No entanto, os resultados não foram conclusivos, pois as medições realizadas da Terra poderiam ter sido contaminadas pela água na atmosfera terrestre.

Representação artística da sonda Psyche, lançada pela NASA para analisar o asteroide 16 Psyche. Crédito: NASA

Luz refletida do asteroide revela formação de ferrugem

Para esclarecer essa questão, uma equipe liderada por Stephanie Jarmak, do Centro de Astrofísica de Harvard e Smithsonian, usou os instrumentos de infravermelho do JWST. Em março de 2023, eles direcionaram o telescópio para o polo norte de Psyche, capturando dados detalhados sobre o espectro de luz refletida pelo asteroide.

As análises confirmaram a presença de hidroxila, sugerindo que essa molécula está ligada a metais na superfície da rocha, formando ferrugem. Esses resultados foram aceitos pelo Planetary Science Journal e estão disponíveis como pré-impressão via arXiv.

Embora os instrumentos do JWST não tenham detectado uma assinatura conclusiva de água, os cientistas não descartam a possibilidade de sua presença em outras áreas do asteroide ou em concentrações muito baixas para serem captadas.

A presença de hidroxila em Psyche pode fornecer pistas sobre sua formação. Se a hidroxila se formou dentro do próprio asteroide, ele pode ter se originado nas regiões frias do Sistema Solar, migrando para o cinturão de asteroides ao longo do tempo. Alternativamente, a hidroxila pode ter sido trazida por impactos de outros asteroides contendo água.

A equipe pretende explorar mais detalhadamente a superfície de Psyche, incluindo regiões como o polo sul, onde uma grande cratera pode revelar mais sobre a história de impactos que moldaram o asteroide. 

Embora Psyche seja uma fonte potencialmente rica em metais, sua distância da Terra torna a exploração econômica inviável por enquanto.

(olhardigital)


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