A DEMAGOGIA DO GOVERNADOR AUSENTE - A encenação medrosa e a farsa na maior crise de segurança de Rondônia
Governador Marcos Rocha, o "herói" que não participou da guerra mas se apropriou da bravura alheia. Enquanto os bandidos tocavam fogo em Porto Velho, ele estava na praia. Só apareceu quando a batalha foi vencida
Na história política, o termo "demagogia" descreve a prática de líderes que manipulam sentimentos populares para se promoverem, usando palavras vazias e atitudes teatralizadas. Um demagogo, portanto, é aquele que apela às emoções e desejos do povo sem oferecer soluções reais ou efetivas. Infelizmente, essa descrição encaixa-se com precisão nas recentes atitudes do governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), durante a maior crise de segurança pública já vivida no estado.
Enquanto facções criminosas como o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) aterrorizavam Porto Velho e regiões adjacentes, o governador desapareceu. Sob o pretexto de férias no Nordeste, Rocha se manteve em silêncio diante de uma onda de violência que incluiu toques de recolher decretados via WhatsApp, ônibus incendiados e assassinatos brutais – entre as vítimas, um cabo da Polícia Militar e um ex-policial penal.
A resposta do governador à crise foi uma lamentável combinação de omissão e encenação. Em plena escalada de violência, Marcos Rocha encontrou tempo para gravar um vídeo numa lavanderia em João Pessoa, na Paraíba, falando platitudes desconectadas da realidade em Rondônia. Como se estivesse alheio ao pânico e sofrimento de seus conterrâneos, o governador divulgou uma mensagem inócua, enquanto forças de segurança – Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal e Força Nacional – agiam para debelar a crise, com coordenação direta do Ministério da Justiça.
Quando finalmente reapareceu, já com o conflito controlado, Rocha tentou vestir a capa de herói. Literalmente. Envergando uma farda da Polícia Militar – uma simbologia vazia e desconectada de sua atuação –, o governador encenou uma postura de comando que, na prática, não exerceu. Como em uma peça teatral mal ensaiada, sua tentativa de se reaproximar da população e recuperar credibilidade resultou em mais revolta.
O ápice da demagogia foi a tentativa de associar sua imagem à resolução da crise, quando, na realidade, o silêncio covarde e a ausência durante os momentos mais críticos destacaram sua falta de liderança. A encenação com a farda, típica de um "coronel maçaneta" – gíria que ironiza oficiais que não se envolvem nas ações práticas da corporação, mas passam a vida fazendo politicagem em gabinetes, abrindo portas para subir na carreira –, não foi apenas um erro político, mas uma afronta aos rondonienses que enfrentaram, com a coragem que faltou ao seu governante, o terror instaurado pelas facções criminosas.
A crítica pública foi inevitável. Redes sociais e políticos, como o senador Marcos Rogério (PL), condenaram a conduta de Rocha, expondo ainda mais sua inação diante da crise. A tentativa de minimizar o impacto de sua ausência não só falhou, mas também consolidou sua imagem de um líder demagogo e desconectado das reais necessidades do povo de Rondônia.
O governador Marcos Rocha, que agora almeja uma vaga no Senado em 2026, precisará enfrentar o peso de sua omissão e da memória coletiva dos rondonienses. O episódio deixa um alerta: o estado não pode mais tolerar lideranças que, em momentos de crise, escolhem o refúgio das praias ao invés do compromisso com a segurança e bem-estar de seu povo.
POR RUBENS COUTINHO, EDITOR DO TUDORONDONIA
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