"Daqui a pouco, se o negócio não funcionar muito bem lá para cima, nós passamos uma trena para o lado de cá e fazemos 'o Sul é nosso país', né?"
Foi assim, em tom de brincadeira, que o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), sugeriu aos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), que separassem seus Estados do restante do Brasil.
Eles dividiram o palco na última quinta-feira (12/6) em um evento em Curitiba realizado por uma entidade da construção civil.
Mello fez referência ao movimento O Sul é Meu País, que há mais de 30 anos defende a separação da região e a formação de uma nação autônoma. A reportagem entrou em contato com a assessoria do governador questionando se ele gostaria de se manifestar sobre o episódio, mas não houve retorno.
"A fala do Jorginho Mello não leva em consideração, por exemplo, que uma catástrofe ambiental no Rio Grande do Sul como a do ano passado precisou obrigatoriamente do apoio do governo federal", ele destaca.
"Se é pra falar de política social, porque se tem a ideia de que o Nordeste é quem usa e o Sul não — o que é uma falácia —, então ser sulista vem primeiro. Agora, se é uma catástrofe ambiental da qual o Sul não consegue se recuperar, aí somos todos brasileiros e façamos solidariedade", completa Aver.
Em entrevista à BBC News Brasil, o pesquisador explica as origens do separatismo sulista, suas principais características e suas contradições. Confira, a seguir, em cinco pontos:
Iniciativas que buscam apartar o Sul do restante do Brasil remontam aos tempos do Império e da Primeira República, períodos em que diversas províncias do país entraram em choque com o governo central.
No caso do Sul, Aver cita a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul do século 19, e a Guerra do Contestado, em Santa Catarina e no Paraná, no início do século 20.
Mas houve também a Cabanagem, na então província do Grão Pará, e a Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, ambas no século 19, entre outras.
"O Brasil é unificado em cima de uma série de violências", comenta o sociólogo, referindo-se à repressão aos diversos movimentos que se opunham à centralização do poder no Rio de Janeiro, então capital naquela época.
"Um pouco [do separatismo] vem dessa lógica de como o federalismo brasileiro é construído", ele acrescenta, emendando que o separatismo que se expressa no século 21 com movimentos como O Sul é Meu País é diferente.
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
Leia mais
(69)3901-3176
(69)3901-3176
(69) 3901-3167
(69) 3214-4647
(69) 3224-6380