Somos convidados a superar o escândalo das divisões e a buscar a unidade, diz Leão XIV




Na tarde desta sexta-feira, 28 de novembro, segundo dia da visita do Papa à Turquia (Türkiye), o Santo Padre deslocou-se de Istambul para Iznik - antiga Niceia -, situada a 130km de Istambul, para o Encontro ecumênico de oração, ponto alto da primeira etapa desta Viagem Apostólica Internacional de Leão XIV, por ocasião dos 1.700 anos do Primeiro Concílio de Niceia. Na cidade onde convergem história e fé, nas proximidades das escavações arqueológicas da antiga Basílica de São Neófito, o Bispo de Roma encontrou-se com o patriarca ecumênico Bartolomeu I, metropolitas e vários líderes religiosos, Chefes das Igrejas e Representantes das Comunhões Cristãs mundiais para um momento ecumênico de oração e recitaram juntos o Credo Niceno-Constantinopolitano.

No discurso que dirigiu aos presentes no local onde foi celebrado o Concílio que proclamou a divindade de Cristo, Leão XIV foi direto ao ponto, evidenciando o que estava em jogo em Niceia e está em jogo hoje: a fé no Deus que, em Jesus Cristo, se fez como nós para nos tornar “participantes da natureza divina”.

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Superar o escândalo das divisões

Esta confissão de fé cristológica é de fundamental importância no caminho que os cristãos estão percorrendo rumo à plena comunhão: ela é partilhada, efetivamente, por todas as Igrejas e Comunidades cristãs no mundo, inclusive aquelas que, por várias razões, não utilizam o Credo Niceno-Constantinopolitano nas suas liturgias.

Com efeito, prosseguiu o Santo Padre a fé “em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos […] consubstancial ao Pai” (Credo Niceno) é um vínculo profundo que já une todos os cristãos. Nesse sentido, para citar Santo Agostinho, também no âmbito ecumênico, acrescentou, podemos dizer que “embora nós, cristãos, sejamos muitos, no único Cristo somos um”. Partindo da consciência de que já nos encontramos unidos por este vínculo profundo – através de um caminho de adesão cada vez mais total à Palavra de Deus revelada em Jesus Cristo e sob a direção do Espírito Santo, no amor recíproco e no diálogo – somos todos convidados a superar o escândalo das divisões infelizmente ainda existentes e a alimentar o anseio em busca da unidade, pela qual o Senhor Jesus orou e deu a sua vida.

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A reconciliação, um apelo que vem da inteira humanidade

“Quanto mais nós cristãos estivermos reconciliados - ressaltou o Pontífice -, tanto mais poderemos dar um testemunho crível do Evangelho de Jesus Cristo, que é anúncio de esperança para todos, mensagem de paz e de fraternidade universal que ultrapassa as fronteiras das nossas comunidades e nações”.

A reconciliação é hoje um apelo que vem da inteira humanidade afligida por conflitos e violência. O desejo de plena comunhão entre todos os que creem em Jesus Cristo é sempre acompanhado pela busca da fraternidade entre todos os seres humanos. No Credo Niceno professamos a nossa fé “em um só Deus, Pai todo-poderoso”; no entanto, não seria possível invocar Deus como Pai se recusássemos reconhecer os outros homens e mulheres como irmãos e irmãs, também eles criados à imagem de Deus.

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Rejeitar uso da religião para justificar a guerra e a violência

Leão XIV prosseguiu afirmando que existe uma fraternidade e sororidade universal, que não depende da etnia, nacionalidade, religião ou opinião. Por sua natureza, as religiões são depositárias desta verdade e deveriam encorajar as pessoas, os grupos humanos e os povos a reconhecê-la e a praticá-la.

“O uso da religião para justificar a guerra e a violência, assim como qualquer forma de fundamentalismo e fanatismo, deve ser rejeitado com veemência, enquanto os caminhos a seguir são os do encontro fraterno, do diálogo e da colaboração.”

Por fim, o Papa disse estar profundamente grato ao patriarca Bartolomeu, que, com grande sabedoria e visão, decidiu comemorar conjuntamente o 1.700º aniversário do Concílio de Niceia precisamente no local onde foi celebrado; e agradeceu calorosamente aos Chefes das Igrejas e aos Representantes das Comunhões Cristãs mundiais que aceitaram o convite para participar neste evento. “Que Deus Pai, todo-poderoso e misericordioso, ouça a fervorosa oração que hoje lhe dirigimos e conceda que este importante aniversário traga frutos abundantes de reconciliação, unidade e paz”, concluiu.



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