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Em discurso dirigido a milhares de pessoas reunidas no Estádio Luzhniki, em Moscou, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, falou sobre a união entre o povo russo e afirmou que o país “nunca teve tamanha força” e “esteve tão forte” como agora.
O evento foi realizado na 6ª feira (18.mar) em comemoração aos 8 anos de assinatura do tratado que oficializou a anexação da Crimeia e da cidade de Sebastopol à Rússia. O documento foi assinado em 18 de março de 2014. Segundo o governo russo, mais de 200 mil pessoas compareceram à comemoração.

Ao pregar a união do povo russo, Putin não se dirige somente às pessoas que nasceram na Rússia, mas também àqueles que usam o russo como língua materna e têm outros traços culturais da etnia.
Diferente do Brasil — que adota o conceito de jus soli (direito de solo, em tradução livre) e estabelece como brasileiro as pessoas que nasceram no Brasil — o entendimento de etnia para o povo russo se baseia no jus sanguinis (direito de sangue, em tradução livre).
Isso significa que: não importa o território onde a pessoa nasceu. Se ela tem a ascendência russa, ela é tratada como parte do povo russo.
É por isso que, durante seu discurso na 6ª feira (18.mar), Putin enalteceu o que chama de “operação militar” na Ucrânia e afirmou que as ações dos soldados russos no país são vistas como “heroicas”.
O líder russo afirma que a Ucrânia persegue o povo russo que vive na região, além dos laços culturais e religiosos da relação russo-ucraniana, como a língua russa e a fé ortodoxa.
Na visão de Putin, as intervenções russas que ocorreram na península da Crimeia em 2014 e estão sendo realizadas na Ucrânia desde 24 de fevereiro são uma resposta a perseguição do governo ucraniano e uma maneira de salvar o povo russo.
Leia a íntegra do discurso de Putin:
“’Nós, o povo multi-étnico da Federação Russa, unidos pela nossa terra…’ Essas são as primeiras palavras da nossa Constituição. Cada uma delas tem enorme significado.
“Na nossa terra, unidos por um destino em comum. Era sobre isso que o povo da Crimeia e de Sebastopol deviam estar pensando quando votaram no referendo em 18 de março de 2014. Eles viveram e continuam a viver em suas terras. Eles queriam ter um destino em comum com sua terra natal histórica, a Rússia. Eles têm todo o direito e conquistaram esse objetivo. Vamos dar os parabéns a eles primeiro, pois o feriado é deles. Feliz aniversário.
“Ao longo dos anos, a Rússia fez muito para ajudar no crescimento da Crimeia e de Sebastopol. Medidas que precisavam ser tomadas, mas que não pareciam óbvias aos olhos de qualquer um. Coisas essenciais como fornecimento de gás e energia elétrica, restauração e construção de estradas e pontes.
“Nós precisávamos tirar a Crimeia de uma posição humilhante e mostrar a situação em que a Crimeia e Sebastopol foram colocados quando eram parte de outro estado, que os provia só com o dinheiro que sobrava.
“Ainda há mais a ser feito. Nós sabemos o que precisamos fazer agora, como precisa ser feito e o qual será o preço. E nós vamos concluir esses planos. Com certeza.
“Essas medidas não são tão importantes quando o fato de os cidadãos da Crimeia e de Sebastopol terem tomado a decisão certa ao colocarem uma barreira sólida contra neonazistas e ultranacionalistas. O que aconteceu e ainda está acontecendo em outros territórios é a prova de que eles fizeram a coisa certa.
“Pessoas que vivem em Donbass também não concordaram com esse golpe de estado. Uma série de operações militares foi lançada contra eles instantaneamente. Eles foram vítimas de ataques de artilharia e bombardeios. E é isso que nós realmente chamamos de genocídio.
“O principal objetivo da operação militar lançada em Donbass e na Ucrânia é aliviar essas pessoas do sofrimento, desse genocídio. Lembro de uma passagem das escrituras sagradas: ‘Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.’ E nós estamos vendo a maneira heroica como nossos militares estão lutando durante a operação.
“Essas palavras vem do livro sagrado cristão, que é adorado por aqueles que seguem essa religião. Mas, na verdade trata-se de um valor universal para todas as religiões e nações, inclusive a Rússia, mas principalmente para o nosso povo. A melhor evidência é como nossos rapazes estão lutando e agindo durante a operação: ombro a ombro, ajudando uns aos outros. Se eles precisarem, usarão seus corpos como escudo para proteger seus camaradas de uma bala, como quem salva um irmão. Há muito tempo não temos esse sentimento de unidade.
“Acontece que, por mera coincidência, o início desta operação se deu no mesmo dia do aniversário de um dos nossos mais incríveis líderes militares, que foi canonizado. Fyodor Ushakov. Ele não perdeu uma única batalha durante sua brilhante carreira militar. Disse uma vez que as tempestades de raios iam glorificar a Rússia. Assim foi no tempo dele; é assim que é agora e é assim que sempre será.
“Obrigado”.
(Poder360)

 
                     
                             
                             
                             
                             
                             
                             
                             
                             
                             
                             
                            