Papa Francisco viaja ao Cazaquistão com roteiro marcado por desencontros



Pontífice queria reunião com Xi Jinping e patriarca Cirilo, mas agendas, prática e ideológica, não coincidem

 

Quando o papa Francisco anunciou a viagem ao Cazaquistão para a qual embarcou nesta terça-feira (13), seu intuito parecia claro —vocal em suas críticas à Guerra da Ucrânia, mas impedido de visitar Kiev em razão de suas dores no joelho, ele ao menos espalharia sua mensagem de paz perto daquelas fronteiras.

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Mas um interlocutor central para o seu plano não estará no local para ouvi-lo. O chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o patriarca Cirilo 1º, cancelou no mês passado sua visita ao país. O religioso, amigo de Vladimir Putin, é a favor do que o Kremlin chama de "operação militar especial".

Cirilo vê na sua luta contra o Ocidente uma batalha entre o bem e o mal em que cabe a Moscou, que seria dona por direito do território ucraniano, proteger seu povo dos que tentam pervertê-lo —papel de vilão atribuído a Volodimir Zelenski.

Os líderes de dois dos principais ramos do cristianismo se encontraram pela primeira vez há seis anos, na primeira reunião do tipo desde o cisma de 1054, e não voltaram a se ver desde então. Havia uma expectativa de uma nova assembleia da dupla em Jerusalém em junho, mas Francisco disse, em entrevista à imprensa argentina, que diplomatas do Vaticano desaconselharam a ideia.

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o patriarca Cirilo durante evento em Moscou, em 2021 

A ausência de Cirilo pesa na visita de Francisco, a segunda de um pontífice à nação na Ásia Central —a primeira, de João Paulo 2º, se deu dias depois do atentado de 11 de Setembro, em 2001.

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Francisco passa três dias em Nursultan, a futurista capital cazaque, para participar do Congresso dos Líderes das religiões mundiais e tradicionais. Além de discursar e se reunir com outros religiosos, ele ainda celebra na quarta uma missa para os católicos do país, que representam menos de 1% da população —70% dos 19 milhões de cazaques são muçulmanos sunitas e 26%, cristãos ortodoxos.

Aos 85 anos, o pontífice sofre com uma osteoartrite que afeta um ligamento do joelho direito. As dores o fizeram cancelar vários compromissos recentes e usar com frequência uma cadeira de rodas —nesta terça pela primeira vez ele usou o equipamento para sair do avião e entrar no terminal.

Durante o voo do Vaticano a Nursultan, o papa argentino se apoiou em uma bengala para ir cumprimentar os jornalistas e aparentou sentir dor ao voltar a seu lugar, de acordo o relato dos repórteres.

(folha de s. paulo)



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