Durante evento em Nova York, representante do ex-presidente dos EUA diz que Lula erra ao priorizar China e ignora maior investidor do Brasil
Nova York – Em meio à visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China, o enviado especial do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump para a América Latina, Mauricio Claver-Carone, aproveitou a realização de um fórum de investimentos em Nova York nesta quarta-feira (14) para criticar a política externa brasileira e os acordos comerciais firmados com os chineses.
Durante sua participação no evento promovido pelo jornal Valor Econômico, Claver-Carone destacou a presença de empresários e investidores brasileiros na capital financeira americana, e sugeriu que Lula deveria ter priorizado o relacionamento com os Estados Unidos, “maior investidor no Brasil”, em vez de estar em Pequim.
“Vi, nos últimos dois dias aqui em Nova York, literalmente, todo grande negócio, grande investidor, empreendedor do Brasil. E acho que isso é maravilhoso. Por quê? Porque são vocês que vão impulsionar a economia brasileira. Infelizmente, coloco isso em contraste com o presidente do Brasil, que está na China e não no maior mercado de capital do Brasil”, afirmou o ex-assessor de Trump.
Críticas aos acordos com a China
O enviado também ironizou os acordos assinados entre Brasil e China durante a visita de Lula, chamando-os de “bolos mais caros” que apenas “engordam mais”, numa tentativa de minimizar os impactos positivos dos entendimentos comerciais com o gigante asiático.
A fala ocorre em um momento de tensão crescente entre Estados Unidos e China, e evidencia a disputa geopolítica pela influência sobre países latino-americanos, especialmente o Brasil — a maior economia da região. A crítica também carrega tom político-eleitoral, já que Donald Trump é pré-candidato à presidência dos EUA e deve enfrentar Joe Biden nas urnas em 2024.
Apesar das críticas, Claver-Carone fez questão de elogiar a atuação de empresários brasileiros no fórum, afirmando que “são sempre bem-vindos à Casa Branca” e que a relação comercial entre os dois países é pragmática, e não ideológica.
“As tarifas não são ideológicas. Estive, inclusive, com integrantes do atual governo brasileiro nesta semana. O diálogo está aberto”, concluiu.
Reações
A equipe do presidente Lula ainda não se manifestou oficialmente sobre as declarações. Durante sua agenda na China, o presidente brasileiro se reuniu com o presidente Xi Jinping e participou de fóruns sobre transição energética e desenvolvimento sustentável, além de assinar uma série de acordos bilaterais em áreas como infraestrutura, tecnologia e agronegócio.
A visita faz parte de uma estratégia do governo Lula de diversificar parceiros comerciais e fortalecer o multilateralismo em um cenário internacional polarizado. Ainda assim, a fala de Claver-Carone reacende o debate sobre a posição do Brasil entre as duas maiores potências globais.
Fonte: noticiastudoaqui.com