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COMO DEUS FEZ - Os militares transgênero que podem ter suas carreiras encerradas nos EUA com proibição de Trump

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Após 17 anos no Exército dos EUA, a major Kara Corcoran, de 39 anos, estava se preparando para se formar em um programa de liderança militar de elite.

Mas houve um problema.

Dois dias antes da cerimônia, Kara foi informada de que precisaria se conformar aos regulamentos masculinos — o que significa usar uniforme masculino e cortar o longo cabelo loiro que ela havia deixado crescer desde que disse ao Exército que se identificava como mulher em 2018.

A ordem veio do Pentágono e foi passada adiante pela cadeia de comando até chegar a ela em Fort Leavenworth, no Estado do Kansas.

"Nada em mim é masculino, mas vão me obrigar a usar trajes masculinos só para poder subir ao palco com meus colegas", disse ela nas horas que antecederam a cerimônia. "Não é minha escolha cortar o cabelo. Estou fazendo isso porque preciso."

Kara é uma das milhares de pessoas transgênero afetadas por uma proibição, anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, em janeiro, que as impede de servir em qualquer função nas Forças Armadas dos EUA.

Uma proibição anterior, em seu primeiro mandato, concentrava-se em novos recrutas e permitia algumas exceções — especialmente para aqueles que já estavam na ativa. Mas a nova política deste ano remove praticamente todas as exceções.

Dados oficiais dizem que há cerca de 4,2 mil militares transgênero nas Forças Armadas dos EUA — porém outras estimativas são muito maiores, cerca de 10 mil.

Mulher em salão de beleza cortando o cabelo

Crédito,Kara Corcoran

Legenda da foto,Kara cortou o cabelo em 21 de maio, um dia antes de sua cerimônia de formatura

A nova política afirma que um histórico ou diagnóstico de disforia de gênero — quando uma pessoa sente que seu gênero é diferente do sexo registrado no nascimento — é "incompatível com os altos padrões mentais e físicos necessários para o serviço militar".

Uma ordem executiva delineou a posição de Trump de que "as Forças Armadas foram afetadas por uma ideologia de gênero radical" e que a nova política garantirá que o corpo militar estará "livre de condições médicas ou defeitos físicos que possam razoavelmente exigir perda excessiva de tempo de serviço para tratamento ou hospitalização necessários".

A ordem também declarou que "a afirmação de um homem de que ele é uma mulher e sua exigência de que outros respeitem essa falsidade não são consistentes com a humildade e a abnegação exigidas de um militar".

Uma pesquisa Gallup realizada em fevereiro deste ano sugeriu que 58% dos americanos são a favor de permitir que homens e mulheres abertamente transgêneros sirvam nas forças armadas dos EUA — mas o apoio caiu de 71% em 2019 e 66% em 2021.

Críticos dizem que a proibição de Trump é discriminatória. Processos judiciais foram movidos por oficiais transgêneros na ativa e grupos de direitos humanos.

Desde fevereiro, a BBC acompanha a vida da major Kara Corcoran e de um oficial não-binário da Marinha, tenente Rae Timberlake, enquanto navegam pela incerteza de suas carreiras militares. Eles compartilharam seus pensamentos e sentimentos a título pessoal, não como porta-vozes das Forças Armadas dos EUA ou de outros colegas.

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