
Eduardo Bolsonaro Foto: EFE/EPA/Zoltan Mathe HUNGRIA
Redação, 11 de julho de 2025 - O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a gerar polêmica ao responsabilizar diretamente o ministro Alexandre de Moraes e o atual ambiente político brasileiro pela nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Em nota divulgada nesta quarta-feira (10), Eduardo chamou a medida de “Tarifa Moraes” e alertou: “uma hora a conta chega”.
A taxação, determinada pelo governo do presidente Donald Trump, que recentemente reassumiu a presidência norte-americana, surpreendeu autoridades e setores produtivos no Brasil, especialmente por atingir em cheio produtos do agronegócio e de tecnologia. A justificativa oficial da Casa Branca ainda não foi detalhada, mas fontes diplomáticas apontam para preocupações com o estado de direito e a liberdade política no Brasil.
Em seu comunicado, Eduardo Bolsonaro relacionou diretamente a medida à atuação do Judiciário brasileiro, especialmente do Supremo Tribunal Federal (STF), que, segundo ele, estaria promovendo censura, prisões arbitrárias e restrições a adversários políticos.
“Essa tarifa é uma resposta clara, direta e inequívoca ao afastamento do Brasil dos valores e compromissos que compartilha com o mundo livre”, afirmou o parlamentar.
O deputado também acusou o governo e o STF de comprometerem a imagem internacional do país e sugeriu que os recentes atritos institucionais podem custar caro à economia.
“Temos três semanas para evitar um desastre. Ou o Brasil retoma o caminho da democracia e das liberdades, ou pagaremos um preço ainda mais alto”, disse, sem explicar que medidas concretas seriam esperadas nesse prazo.
Reações
A declaração causou forte repercussão entre parlamentares e juristas. Para aliados do governo, Eduardo busca politizar uma crise comercial e internacionalizar disputas internas. Já apoiadores do deputado consideram que a crítica é legítima diante do que chamam de "autoritarismo judicial".
O ministro Alexandre de Moraes não se pronunciou sobre a fala de Eduardo até o fechamento desta edição.
O Itamaraty, por sua vez, divulgou nota breve informando que busca “esclarecimentos técnicos” junto à embaixada dos EUA e reiterou o compromisso do Brasil com os acordos comerciais internacionais.
Impactos econômicos
A tarifa de 50% deve afetar diretamente setores estratégicos da economia brasileira, como o soja, carne bovina, minério de ferro e equipamentos eletrônicos. Especialistas apontam que, caso não seja revertida, a medida pode gerar bilhões em perdas para exportadores brasileiros ainda neste segundo semestre de 2025.
Analistas também avaliam que a justificativa política dada informalmente pelos EUA representa um sinal de alerta para o governo brasileiro, que precisará reforçar sua imagem democrática e institucional se quiser evitar sanções similares de outros parceiros comerciais.
Contexto
A relação entre o governo brasileiro e os EUA vinha sendo considerada estável, apesar de diferenças ideológicas entre os governos de Lula e Trump. No entanto, a crescente judicialização da política interna brasileira e a repercussão internacional de decisões do STF podem estar pesando no cálculo diplomático de Washington.
Essa não é a primeira vez que Eduardo Bolsonaro entra em confronto com o STF ou com o ministro Moraes. O deputado é um dos principais críticos da atuação do Judiciário desde os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos de 2023.
O que esperar agora?
Nos bastidores do Congresso, já circulam articulações para que a Comissão de Relações Exteriores convoque representantes do Itamaraty para explicações formais. Também há expectativa de que o presidente Lula se manifeste ainda nesta semana para tentar acalmar o mercado e conter danos diplomáticos.
Enquanto isso, a fala de Eduardo Bolsonaro reacende o debate sobre os limites entre política interna, liberdade de expressão e consequências internacionais.
Fonte: noticiastudoaqui.com