
Centenas de pessoas ainda estão traumatizadas com os abusos sofridos nas mãos de um antigo movimento religioso que caiu em desgraça.
Jon Ironmonger investigou o grupo conhecido como Exército de Jesus antes do seu fechamento, cinco anos atrás. Ele se encontrou com a diretora de uma nova série documental da BBC para contar a sua história.
À primeira vista, o Exército de Jesus parecia ser uma entusiasmada igreja da região rural de Northamptonshire, na Inglaterra.
Ela reunia 2 ou 3 mil membros, que usavam um chamativo uniforme militar, e contava com uma frota de ônibus com as cores do arco-íris.
Em 2016, iniciei uma jornada que durou anos para expor uma das seitas mais abusivas do Reino Unido.
Na época, já havia relatos de práticas duvidosas e mortes sem explicação, como a de um jovem cujo corpo foi encontrado em uma linha de trem.
Meses depois, enquanto tomávamos chá na estação St. Pancras, em Londres, uma mulher que havia fugido do grupo quando era adolescente revelou a verdadeira escala dos danos causados pelo culto. Ela pediu para permanecer anônima.
"Quantas vítimas entraram em contato com você", perguntei a ela. Eu esperava uma resposta talvez na casa dos dois dígitos.
"Perto de 600 ou 700", respondeu ela, calmamente. Fiquei boquiaberto.
Seguiram-se dois anos de entrevistas e investigações, até que a BBC publicasse nossas descobertas. Elas detalham o abuso generalizado de crianças e mostram evidências de ocultação dos casos pela alta liderança do grupo.
Conhecida formalmente como Fraternidade de Jesus, a igreja fechou um ano depois.