
Na mira de Donald Trump, o diesel que vem da Rússia se tornou estratégico para o Brasil, com o país de Vladimir Putin sendo responsável por 60% de todo o produto importado pelo mercado brasileiro nos últimos quatro anos, como mostram dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) — uma escalada alavancada pela Guerra da Ucrânia e que teve a chancela diplomática dos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De uma participação ínfima nas compras brasileiras em 2021, a importação do diesel russo é agora um negócio bilionário, envolvendo grandes empresas brasileiras com sócios no exterior e ações negociadas em bolsas internacionais.
Esses grandes importadores investiram o equivalente a US$ 13 bilhões na compra do combustível desde 2022, ano que Putin invadiu a Ucrania, em um movimento que agora preocupa integrantes do governo e empresários do setor diante da imprevisibilidade da Casa Branca.
Na quarta-feira (6/8), o governo Trump anunciou tarifa extra de 25% sobre produtos indianos por conta do comércio de combustíveis entre a Índia e a Rússia, a começar a valer no final de agosto, e deixou aberta a posssibilidade de sancionar outros países pelo mesmo motivo.
Entre integrantes do governo e do empresariado brasileiro, o temor é de que sanções à compra brasileira de combustível russo cause um desequilíbrio no mercado nacional, aumente os custos dos combustíveis ao consumidor final brasileiro e pressione a inflação no país.
O caminho para o diesel russo no Brasil foi aberto durante o governo Bolsonaro e se aprofundou durante o governo Lula.
O Brasil nunca aderiu às sanções impostas por Estados Unidos e União Europeia contra os combustíveis russos e, após o início da guerra na Ucrânia, o diesel se transformou no principal produto russo importado pelo Brasil, ultrapassando os fertilizantes.
Embora não haja dados oficiais russos sobre a produção e exportação de combustíveis, o Centro para Pesquisas em Energia e Ar Limpo, uma organização não-governamental sediada em Londres, estima que o Brasil seria o quinto maior comprador de derivados de petróleo da Rússia.