"Hoje foi um dia de morte."
Foi assim que o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, se referiu ao ataque com explosivos que abalou a cidade de Cali e ao abate de um helicóptero da polícia em Amalfi, no Departamento (Estado) de Antioquia, ocorridos na quinta-feira (21/08), deixando pelo menos 19 mortos, seis civis e 13 policiais, segundo as autoridades locais.
Na ausência de um balanço definitivo, a prefeitura de Cali informou que pelo menos 65 pessoas ficaram feridas no ataque a bomba.
O presidente vinculou este ataque e o de Antioquia a dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Antes, na mesma rede social, o presidente atribuiu o ataque ao helicóptero policial à Frente 36 do Estado-Maior Central (EMC).
Nenhum desses grupos armados assumiu a autoria dos ataques.
Os incidentes aconteceram em meio a repetidos questionamentos sobre a política de "paz total" de Petro.
Vozes da oposição associam essa política, que prometia mais diálogo e conciliação com grupos armados, à deterioração da segurança na Colômbia que, embora não esteja nos níveis de décadas atrás, afeta a percepção dos cidadãos.

O que aconteceu em Cali?
De acordo com a polícia, o ataque desta tarde em Cali, realizado com cilindros-bomba, tinha como alvo a base aérea Marco Fidel Suárez, no norte da cidade.
Testemunhas no local disseram à agência de notícias AFP que ouviram explosões perto da base, que havia muitas pessoas feridas e que várias moradias foram danificadas.
Vários edifícios foram evacuados, e a prefeitura anunciou o fechamento de ruas e restrições ao tráfego.
Na mesma área, foi detectada a presença de uma van com cilindros-bomba em seu interior, embora tenha sido descartado posteriormente que estivessem carregados.

O prefeito da cidade, Alejandro Eder, ofereceu uma recompensa de até 400 milhões de pesos (cerca de R$ 545 mil) "a quem fornecer informações que permitam identificar e capturar os responsáveis".
O Vale do Cauca, Departamento colombiano cuja capital é Cali, tem sido alvo frequente de ataques nos últimos meses.
No dia 10 de junho, também foi atribuída ao EMC a responsabilidade por uma onda de explosões e ataques armados em Cali que resultaram em sete mortes.
Outros 12 atentados ocorreram no Departamento vizinho de Cauca, deixando oito mortos.
Esta região do país abriga várias dissidências das Farc, facções herdeiras do paramilitarismo e do Exército de Libertação Nacional (ELN).
Todos esses grupos disputam o controle territorial e travam uma luta armada entre si e contra o Estado colombiano.
Cali é a terceira cidade mais populosa da Colômbia, com cerca de 2,2 milhões de habitantes.
