CARTA DE BELÉM - A Amazônia, apesar de ainda preservar cerca de 82% de sua cobertura florestal, enfrenta sérias ameaças!

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O documento sintetiza as contribuições da ciência amazônica, envolvendo 18 instituições de pesquisa, entre universidades, institutos de desenvolvimento sustentável, estudos geoambientais e de inovação, além da Universidade de Bristol, na Inglaterra.

Em torno de 120 pesquisadores que compõem 22 Redes de Pesquisa, que atuam de forma integrada entre o Brasil e instituições parceiras no exterior, concluem hoje, às 14 horas, a Carta de Belém.

O documento sintetiza as contribuições da ciência amazônica, envolvendo 18 instituições de pesquisa, entre universidades, institutos de desenvolvimento sustentável, estudos geoambientais e de inovação, além da Universidade de Bristol, na Inglaterra.

O texto é resultado de um evento de extrema relevância no contexto das emergências climáticas, especialmente em decorrência da contagem regressiva para a Conferência das Partes, a COP 30, que acontece em novembro na capital paraense. As discussões estiveram em pauta, na Universidade Federal do Pará, em Belém, durante o encontro Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP 30, com propostas colaborativas iniciadas no dia 22 de setembro de 2025, e que encerram hoje, com grande expectativa pela entrega da Carta.

O que a Amazônia diz para o mundo?

O professor da Universidade Federal do Pará, Leandro Juen, destaca o papel fundamental das mais de 125 unidades de conservação e dos territórios indígenas como barreiras contra a devastação. Ele ressalta que os chamados "rios voadores", originados na região, são responsáveis por abastecer outras partes do país com chuvas, evidenciando a necessidade de uma visão integrada entre biomas como Amazônia e Cerrado.

Além da biodiversidade, Juen chama atenção para a rica "socio-universidade" da Amazônia, que abriga cerca de 40 milhões de pessoas e mais de 300 etnias. Apesar de seu enorme potencial, inclusive na área alimentícia, o conhecimento científico sobre a floresta ainda é limitado, já que cerca de 45% do território amazônico permanece sem dados básicos sobre biodiversidade. A região sofre com impactos de atividades como pecuária, mineração, urbanização e geração de energia.

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Nesse cenário, as universidades amazônicas vêm assumindo papel estratégico. Segundo o pesquisador, as instituições federais da região, com mais de 13 mil docentes e 200 mil estudantes, têm liderado a produção científica local, algo impensável há 15 anos. Elas atuam fortemente junto aos povos originários e comunidades tradicionais, promovendo inclusão, empoderamento e formação voltada para o desenvolvimento sustentável e para a superação das desigualdades socioambientais.

Quem assina a Carta de Belém?

Redes: PELD-AmOr; PPBio-AmOr; INCT-SinBiAm; CAPACREAM; CISAM - Centro Integrado da Sociobiodiversidade da Amazônia; Flora AmOr; INPA; IARAA; CIECZ; PPBIO AmAr; PPBIO AmOC; PPBIO AmOr – Rede Resiliência; PELD POPA; PELD ECOA; PELD FORR; PELD MIAG; PELD Impactos Antrópicos no Ecossistema de Floresta Tropical; INCT CENBAM; IAMER; COSQUI; NUSAMAZONIA; AMAZONICIDADES;

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Instituições signatárias:

UFPA; UNIFAP; University of Bristol; UNIFESPA; UFAC; UFMT; UFAM; UFMA; UEMA; Bionorte - Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal; UFRA; UFRR; UNIR; UFOPA; UFTM; UFT; IFMA; Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá; IBCAM - Instituto de Biodiversidade e Conservação da Amazônia; QuipoTech; CEACAM - Centro Avançado de Apoio Educativo à Agricultura Familiar, Sustentabilidade e Cultura Alimentar na Amazônia - UFOPA; CATEGORIA - Centro de Agricultura, Tecnologias, Estudos Geoambientais Observacionais e Referência em Inovação da Amazônia - UFOPA.

Pesquisadores discutem ciência estratégica para a região no "Conexões Amazônicas"

O evento "Conexões Amazônicas: Ciência e Rede para a COP30", segue movimentando as pesquisas em rede na região até sexta, 26 de setembro. As atividades realizadas na Universidade Federal do Pará (UFPA), são marcadas por uma intensa agenda de debates, sessões técnicas e atividades colaborativas entre os pesquisadores, alinhamento institucional e articulação de novas parcerias voltadas às contribuições da Amazônia para a COP30, que acontecerá em novembro, em Belém.

Os trabalhos foram conduzidos por instituições e redes de pesquisa como o INCT-SINBIAM (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Serviços Ambientais da Amazônia), com foco no tema "Síntese de dados, cooperação em rede e ciência estratégica para a Amazônia". De acordo com o professor Leandro Juen (ICB/UFPA), o INCT-SINBIAM é uma rede criada em 2023, transdisciplinar e interinstitucional, com vários centros de pesquisa de diferentes regiões do país. A coordenação é dividida entre quatro instituições, sendo elas a Universidade Federal do Pará, a Universidade de Bristol (Inglaterra), UFAM e o IMPA. "Pela região norte, nós temos nessa rede 17 instituições e 67 membros, com a maioria pertencente à Amazônia", explica Juen.

Sessões técnicas apresentaram avanços nos eixos de pesquisa da rede, abordando desde ferramentas de integração de dados e indicadores ecológicos até estratégias para aplicação científica em políticas públicas e formação de profissionais para atuação na região.

Bethânia Oliveira de Resende, doutoranda (ICB/UFPA), destacou que o principal objetivo da rede é estabelecer trabalhos colaborativos de pesquisa e também fortalecer o desenvolvimento de uma base de dados ecológicos padronizados, a TAOCA. "Essa ferramenta se destina à curadoria e validação de dados e registro de software. Fazemos a gestão dessa base para ofertar subsídios de pesquisa para estudantes e tomadores de decisão", pontua a pesquisadora, que apresentou resultados de seu estudo com larvas de odonata, com foco nos biomas Cerrado e Amazônia, visando compreender os padrões de estruturação dessas comunidades.

Vagner Lacerda Vasquez, doutorando em Ecologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), apresentou dados dos impactos antrópicos sobre a Amazônia. Ele relatou o trabalho de identificação e sistematização de métricas ecológicas que melhor representam a integridade dos ecossistemas amazônicos em diferentes escalas espaciais. "Eu trouxe duas classes em destaque aqui, no qual a gente pode ver que entre 1986 e 2023 houve uma redução da cobertura florestal na Amazônia de quase 10%", acentua. Segundo o pesquisador, essas perdas se devem principalmente a um aumento nas atividades de agropecuária e silvicultura, com ênfase para o arco do desmatamento.

"Dados geoespaciais como esses, podem ser extremamente importantes e úteis para identificar mudanças macroecológicas, a fim de entender padrões que estão fazendo, por exemplo, alterações na distribuição das espécies, detectar áreas mais vulneráveis para diversos mamíferos, anfíbios, qualquer tipo de organismo. A gente pode usar esse tipo de dado para definir estratégias de conservação que sejam mais eficientes para a Amazônia", ressalta.

Além das exposições, os participantes se organizam em grupos de trabalho temáticos, que discutem prioridades, cronogramas de entrega e ações de integração entre os diferentes eixos de pesquisa. As sínteses são apresentadas em plenária, resultando na construção de uma agenda estratégica comum, com destaque para possíveis contribuições ao documento Carta de Belém, que vem sendo elaborado coletivamente para representar a voz da ciência amazônica na COP30.

Clique aqui para ver o documento "Contribuições_das_redes_de_Sociobiodiversidade_para_NDC (1).pdf"

(folhadoamapa)




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