Homens públicos de lá e de cá
Vem da velha Europa, que muitos acreditam estar por demais envelhecida, lições de políticos e dirigentes públicos que, acusados de corrupção, não pensaram duas vezes em meter uma bala na cabeça e por fim a própria vida. Conquanto episódios dessa natureza não pareçam inéditos, é preciso refletir a respeito deles, sobretudo para fazer comparações, pois só eles são capazes de explicar por que são diametralmente opostas as condutas de homens públicos de cada Nação.
No Brasil, porém, a situação é diferente. Depois de meterem as mãos sujas no erário, políticos e autoridades públicas passam a conviver tranquilamente no meio da população, desfilando em carrões, comendo nos melhores restaurantes, viajando de um lado para o outro, sorrindo de orelha a orelha, sem nenhum resquício de vergonha na cara, como se fossem pessoas probas, como se gatunar dinheiro público ou receber propina de empreiteira em troca de apoios a projetos em tramitação nas casas legislativas fossem a coisa mais natural do mundo. Muitos enchem a boca para condenar a corrupção. E o pior é que os canalhas ainda são endeusados por segmentos da sociedade, que os vê como exemplos de retidão a serem seguidos.
Lá, na velha Europa, independente do prestígio de que desfrutam as Nações as quais pertencem ou pertenciam, são notórios os exemplos de homens públicos, os quais, uma vez acusados de atos ilícitos, preferiram deixar o poder ou então se suicidaram, a terem que enfrentar a execração pública, pois não imaginavam conviver com tamanha mácula.
Por aqui, velhas e manjadas raposas da politica nacional foram apanhadas em diversas bandalheiras devidamente comprovadas, sem que o sacrifício voluntário do incriminado tenha ocorrido, nem os órgãos aos quais caberia punir o acusado se manifestaram, preferindo deixar tudo por menos, em decisões que não apenas agridem o menor e mais elementar sentimento de justiça, como também evidenciam a presença de dois pesos e duas medidas, além, é claro, de pretenderem subestimar a inteligência das pessoas, como se a sociedade fosse constituída somente de energúmenos.
Reflitamos, pois, sobre o assunto. Depois, comparemos as condutas de homens públicos de lá e de cá. Por certo, não seremos envolvidos por nenhum sentimento edificante.
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