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O país onde a exceção virou regra

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ColunistaValdemir Caldas

Quando o assunto é punir ladravazes contumazes do erário, o Brasil é um desses países onde a exceção virou regra. A lista de exemplos é extensa. Comprovadamente, somos um país onde corruptos e corruptores normalmente são premiados com a impunidade. Por isso, a reincidência de velhos e manjados arranjos. Muitos sentem-se à vontade para continuarem aplicando a cartilha do “Mateus, primeiro os meus”, metendo as mãos sujas no dinheiro público, porque sabem que jamais sentirão o peso da Lei.

Em 2013, um ex-ministro chines foi condenado à morte, acusado de embolsar mais de dois milhões em propinas. Na sua luta para aplicar os rigores da Lei, um magistrado arriscou a própria vida. Sua coragem e denodo para desmantelar um dos maiores esquemas de corrupção da história mundial correu o mundo, e ele ganhou notoriedade e respeito por parte de expressiva parcela da sociedade brasileira que ainda acredita na Justiça, como guardiã dos direitos e das garantias individuais. Inverteram-se os valores e, hoje, ele é visto por alguns como o lobo mau da história, com garras e dentes afiados, artífice de uma armadilha para pegar a ingênua e pura Chapeuzinho Vermelho.

Não vai longe, um parlamentar foi filmado recebendo maços de dinheiro e colocando-os dentro de um saco de lixo. Quem o flagrou desfruta, dentre instituições públicas e privadas, de elevado índice de credibilidade junto à opinião pública pelo extraordinário trabalho que desempenha, portanto, não precisa inventar nada. O caso foi denunciado ao poder ao qual pertence o parlamentar. A denúncia aterrissou no Conselho de Ética, que, depois de passar meses estudando (ou empurrando com a barriga?) o problema, chegou à esdrúxula conclusão de que o político não poderia ser punido porque a denúncia teria sido feita por pessoas comuns, e não por parlamentar ou partido político, como manda o Regimento Interno. Afinal, somos ou não somos um país onde a exceção virou regra? 

 (*) Por Valdemir Caldas


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