Tarefa espinhosa
A recusa em não enxergar um palmo adiante do nariz e a valorização de privilégios pessoais e de grupos em detrimento dos legítimos interesses da população têm prejudicado o encontro de soluções para os graves e complicados problemas contra os quais a sociedade brasileira se debate. Quando se trata de superar uma crise sanitária como a que o Brasil enfrenta, responsável por quase 580 mil mortes por covid-19, aí, então, esses dois fatores agravantes mais se destacam.
Mais uma vez, conduta retrógrada e imbecil procura evitar o entendimento extremamente necessário, principalmente hoje. Com o já cansativo argumento de que as deficiências e os erros cometidos por administrações passadas levaram-nos ao descrédito perante a sociedade, há segmentos, sobretudo encalacrados no Congresso Nacional, que se negam à prática fundamental do exercício político: o diálogo.
Desde que assumiu a presidência da República, Jair Bolsonaro vem dando sinais de que Executivo e Legislativo precisam caminhar juntos, harmoniosamente, cada um cumprindo seu papel constitucional. Em vão. As razões da recusa por parte de alguns repousam no mais absoluto radicalismo, enquanto outros não conseguem desvencilhar-se do maldito fisiologismo. E, no meio do tiroteio, o Brasil, ou melhor, a população.
Como reorientar um governo com base em interesses difusos e absolutamente contrários aos princípios da boa governança? Como todo mortal, o presidente Jair Bolsonaro tem seus pecados, mas, reconheçamos, não tem sido nada fácil para ele conduzir o país em meio a um turbilhão de problemas. Alguns, herança maldita do passado; outros, gerados pela incapacidade do próprio governo de buscar solução; a maioria, porém, criada por interesses subalternos com o propósito de inviabilizá-lo politicamente.
É compreensivel que parlamentares queiram participação no governo, indicando aliados para ocuparem postos de mando, mas é preciso que as coisas sejam feitas com o mínimo de compostura, de dignidade e, sobretudo, de respeito à sociedade, jamais da maneira como vem acontecendo. Por outro lado, fazer oposição cega e insana só pelo desejo mórbido de tripudiar sobre o adversário constitui não apenas um desserviço ao país, como também uma afronta à população.
(*) Por Valdemir Caldas
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