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Fome, flagelo social

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ColunistaValdemir Caldas

Que existe fome no Brasil todo mundo sabe. E não é de agora. Portanto, não precisa que os ditos conhecedores do assunto, políticos, institutos de pesquisas e dirigentes públicos, venham nos dizer sobre isso. Não é de hoje que entidades sociais e de caráter privado vêm promovendo ações para arrecadação e distribuição de alimentos, diante da ação claudicante de governantes nessa área.

Em todas as regiões do Brasil, a fome ronda a mesa da população, porém, a concentração maior da pobreza estaria situada no Norte e Nordeste. Estudos apontam nessa direção, como também na elaboração de programas e projetos indicando alternativas para enfrentar o flagelo nos médio e longo prazos, uma vez que a solução definitiva passa, necessariamente, pela garantia de trabalho e de renda a todos os brasileiros.

Estima-se que mais de 54 milhões de brasileiros sobrevivem com menos de cem reais por mês. E o que dizer do grande contingente de pessoas que passa o ano inteiro sem receber um centavo sequer, vivendo da caridade alheia. A desigualdade social, no Brasil, é uma das maiores do planeta. Enquanto vemos a miséria se alastrar a cada dia, atingindo a mesa de parcela expressiva da população, uma minoria de privilegiados centraliza verdadeiras fortunas que se acumulam cada vez mais.

Logo que assumiu a presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o seu principal compromisso era acabar com a fome, nem que essa fosse a única conquista de seu mandato. Houve avanços, é verdade, porém, o que mais avançou em seus dois mandatos foi a corrupção. Se os recursos públicos neste país fossem administrados com honestidade e transparência, os resultados em benefícios da população seriam outros, mas, o que se observa, é o dinheiro público ganhando os bolsos de ratazanas gulosas, que não perdem a oportunidade de roubarem até o pão das crianças.

Ao contrário do que alguns imaginam, a justiça social não pode ser feita na base do gotímetro. E a fome não pode mais esperar. O prato de comida é o mínimo que se pode oferecer como princípio e resgaste dos verdadeiros direitos da cidadania. Na ausência de programas governamentais eficientes e duradouras de combate à fome, as vítimas ainda podem contar com a solidariedade de muitos brasileiros, que, quando chamados para tarefas dessa natureza, a experiência demonstra, a resposta tem sido sempre acima das expectativas.

 

 


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