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“A CPI da politicagem”

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ColunistaValdemir Caldas

A oposição, no Senado, se assanhou até que conseguiu instalar a CPI da Pandemia, destinada a investigar eventuais irregularidades de autoridades e órgãos do governo no combate à covid-19. Quem achava que a CPI fosse, de fato, contribuir para que eventuais ilicitudes cometidas tivessem os seus autores identificados e, por conseguinte, devidamente punidos na esfera judicial, decepcionou-se.

O que se tem visto, até agora, não anima. Pelo contrário, revolta e entristece. Semana passada, os senadores Renan Calheiros e Flávio Bolsonaro protagonizaram um espetáculo digno de frequentador assíduo de botequim de quinta categoria. Ladrão e vagabundo foram alguns adjetivos usados durante a troca de insultos.

O histórico, recente ou não, de investigações promovidas por aquela Casa não autoriza o cidadão a pensar que seria outro o caminhar da Comissão. Mas não é somente no Congresso Nacional que assuntos de interesse da população andam a passos de cágado. Por aqui as coisas não são diferentes. Alguém saber dizer que fim levou a CPI da Energisa, criada pela Assembleia Legislativa, para apurar eventuais abusos cometidos pela empresa contra os consumidores de energia de Rondônia?

No início, criou-se em torno dela um barulho danado, mas, até onde se sabe, os trabalhos não lograram o êxito desejado. O cidadão contribuinte, coitado, a quem sempre é repassado o ônus, ainda não viu pagar os que tripudiam sobre seus direitos. Nesse sentido, ele só tem reclamações a fazer.

Não quero, com isso, dizer que sou contra a criação de CPI, desde que ela cumpra a função para a qual foi criada, e não se transforme em palanque eleitoral, ou, então, busque mecanismo de manobra política para se obter espaço na mídia. Não é sem motivo que a CPI da Pandemia já foi apelidada de “CPI da Politicagem”. Isso é inaceitável.

 


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