Dualidade - o tempo e o espaço - o certo e o errado
Todos passamos nossas vidas tentando acertar sempre. Buscamos a perfeição, e a perfeição para nós é o eterno acerto. Começo a coluna desta semana com um pequeno diálogo entre um discípulo e seu mestre:
Discípulo - Mestre, como faço para me tornar um sábio?
Mestre - Boas escolhas.
Discípulo - Mas como fazer boas escolhas?
Mestre - Experiência.
Discípulo - E como adquirir experiência, mestre?
Mestre - Más escolhas.
A estrutura da nossa sociedade nos obriga a perseguir sempre os acertos e valoriza os que pouco erram. As punições são a ferramenta para coibir os “crimes”. A seguir cito uma vivência extraordinária de um povo muito além do comum:
Há uma tribo antiqüíssima na África em que, assim que a mãe fica sabendo que está grávida, retira-se com as amigas mais próximas para a floresta e só retornam quando recebem ou compõem “a canção do homem”. Esta canção acompanhará aquela pessoa que vai nascer durante toda a sua vida e cada um da tribo tem sua própria canção.
Em todas as ocasiões importantes da vida daquela pessoa a sua canção estará presente, por exemplo: Quando entra na puberdade, a tribo toda se reúne e todos cantam a sua canção; quando se torna um guerreiro, todos cantam sua canção; quando se casa, todos fazem o mesmo; quando conquista algo, tem uma vitória, todos cantam a sua canção e quando morre, todos cantam a sua canção.
Mas há situações que fogem do que podemos chamar de “certo”, em que a pessoa comete um “delito ou crime” e, nestes momentos, a tribo toda se reúne e todos, em volta do “criminoso”, cantam a sua canção.
O que nos ensina esse povo evoluidíssimo é que só o amor mostra o caminho do bem viver. Não há punição maior que ser aceito como você é.
Vemos a vida unicamente do ponto de vista material. Todas as nossas ações, mesmo as que chamamos “espirituais” são contaminadas pelo “certo” e o “errado”. Nas igrejas, templos, santuários e demais locais de reuniões religiosas ou filosóficas somos sempre confrontados com o “pecado” e o “castigo”.
Este é o paradigma da nossa sociedade ocidental. Há em nosso modo de viver uma inversão de valores. Esquecemos que somos Seres Espirituais fazendo uma passagem pela matéria e nos vemos pela distorcida lente material. Transpomos essa curta visão para o plano espiritual e cremos que lá, como aqui, existem “justos” e “injustos”. Mas a realidade espiritual é bem diversa e muito mais simples do que esse amalgama de medos e preconceitos sociais adquiridos por milênios, aos quais nos apegamos a título de “preservação da cultura humana”, quando não pelo simples e objetivo desejo de “poder”.
A realidade espiritual pode ser entendida perfeitamente na acertiva feita em todos os “livros sagrados”: FOMOS CREADOS À IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS! (Segundo Humberto Rohden, Crear é manifestação da Essência em forma de existência – Criar é a transição de uma existência para outra existência).
Ora, se Deus é incorpóreo (porque senão seria creatura e não Creador); se Deus não tem forma (pelo mesmo motivo anterior); se Deus é o Creador de TODAS as coisas (significando que além Dele nada pode existir e, por conseqüência, TUDO está contido Nele), então, a que “SEMELHANÇA DE DEUS” se referem os “textos sagrados”?
A resposta é clara e igualmente simples: SABEDORIA!
Enquanto Espíritos herdamos do Pai a sabedoria (sabemos absolutamente tudo do Universo, porém apenas em teoria). Por este motivo, a fim de consolidar o conhecimento teórico, reiteradas vezes encarnamos neste e em outros palcos de experimentação. A terceira dimensão forma com a quarta o que os indianos chamam de Sansara (Roda da Reencarnação) propiciando, com isso, o nosso aprimoramento, a consolidação da sabedoria herdada do Pai.
Neste plano, que conhecemos como dualidade, estamos sujeitos ao tempo/espaço, ou seja, a cronologia, que nada mais é que a falsa percepção de passado, presente e futuro. Nos demais planos evolutivos (dimensões), vivemos no continuum, que pode ser entendido como o eterno “presente”.
A pergunta que não quer calar é: se estamos na dualidade, onde há uma nítida divisão entre claro e escuro, positivo e negativo, macho e fêmea, bom e ruim, amor e medo, porque privilegiamos o acerto e condenamos o erro?
Como disse o Mestre no diálogo acima, somente evoluímos fazendo boas escolhas, mas para fazer boas escolhas, precisamos, antes, fazer más escolhas. Em síntese: só podemos saber a luz, quando conhecemos a escuridão. Portanto, queiramos ou não, estamos aqui para errar! Somente a partir do erro é que podemos saber o acerto.
Durante incontáveis encarnações, cada um de nós vem experimentando as diversas más e boas escolhas. Porém, é chegado o momento da consolidação do conhecimento teórico pertinente a este ciclo existencial (terceira/quarta dimensões) e devemos nos preparar para o próximo passo evolutivo.
Estamos no limiar do ascensionamento do nosso planeta, para a quinta dimensão e isso significa que, caso estejamos vibrando na mesma freqüência que a Terra, iremos permanecer aqui e continuar nossa evolução sem o tempo/espaço (dualidade, nascimento e morte). Caso não venhamos a conseguir nos sutilizar o suficiente, seremos migrados para um outro planeta que esteja saindo da segunda dimensão para as nossas conhecidas terceira/quarta dimensões e lá continuaremos evoluindo, só que sem os recursos que temos disponíveis hoje, ou seja, sem tecnologia e vivendo inicialmente em cavernas (idade da pedra).
A sabedoria do povo Maia indica que em breve estaremos saindo do período da noite, para o período do dia galáctico. Entraremos em um período de extrema claridade e desenvolvimento que somente pode ser entendido como a “idade de ouro da humanidade”.
Seja feliz e encontre-se.
Ame-se e evolua.
Marco Anconi
mac.anconi@gmail.com
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