A terceira e última noite do Duelo na Fronteira 2025 transformou novamente o Bumbódromo Márcio Menacho em território de emoções, celebração e cultura na fronteira entre Brasil e Bolívia. Diante de arquibancadas lotadas e da vibração inconfundível das torcidas vermelha e azul, Flor do Campo e Malhadinho retornaram à arena para apresentar seus subtemas, ampliando as narrativas que emocionam o público desde a sexta-feira (14).

Guerreiros do Flor do Campo cruzaram a arena em coreografia marcada por fogo e ancestralidade (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
O Flor do Campo trouxe à arena o aprofundamento do enredo “Clamor - o lamento da floresta” e destacou a cura que nasce da terra, dos saberes tradicionais e da espiritualidade amazônica. Já o Malhadinho entrou em cena carregando a força da nação azul e branca, reunindo em uma só noite o espetáculo que não foi concluído na sexta-feira e reafirmando sua identidade com o tema “Somos a tradição do povo amazônida”.

A torcida do Flor do Campo coloriu as arquibancadas de vermelho, vibrando com força e emoção na última noite do duelo (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Com arquibancadas tomadas de vermelho e azul, fogos iluminando o céu e tambores que ressoavam como o coração da floresta, a noite final consagrou um encontro que une arte, fé e identidade em Guajará-Mirim.
Flor do Campo - a cura emana do povo
O Flor do Campo abriu sua despedida com o subtema “A cura emana do povo”, conduzindo o público por um percurso espiritual que dialoga com o enredo “Clamor - o lamento da floresta”. A arena tornou-se território de saberes antigos, onde benzedeiras, animais encantados e entidades protetoras revelaram que a cura nasce da união, do respeito e da resistência.

A chegada da Cunhã-Poranga em uma grande arara encantou a arena e reforçou o protagonismo feminino na apresentação do boi (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A alegoria do boi gigante dominou a arena com imponência, enquanto cores, coreografias e músicas avançavam em um mesmo compasso. As benzedeiras da Amazônia entraram em cortejo, trazendo consigo o “saber da mata”, e a toada conduziu o público pelo ciclo das curas, das águas e das raízes.

A alegoria do boi gigante tomou a arena com imponência, conduzindo a celebração (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A lenda da Yacumama, cobra sagrada e dona dos rios, ganhou forma em uma serpente central acompanhada por outras menores, guardiãs que se erguem contra ameaças como o garimpo ilegal e a destruição ambiental.

A Cunhã-Poranga do Flor do Campo irradiou força e beleza na arena (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
O espetáculo também apresentou as guerreiras do povo Mura, que viviam na região da bacia hidrográfica do Madeira, em harmonia com a natureza. A presença da Cunhã-Poranga, que chegou em uma arara reforçou o protagonismo feminino e a força das guerreiras amazônicas.

A Sinhazinha da Fazenda surgiu em espetáculo de cores e brilho (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Em outro momento, o rito de cura da terra do povo Baniwa, acompanhado pelo gavião e pelo pajé, anunciou libertação e renascimento dos territórios ameaçados por mercúrio, queimadas e desmatamento.

Em uma das cenas mais impactantes da noite, o pajé apareceu envolto em luz e efeitos, simbolizando o rito de cura e renascimento da floresta amazônica (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A cada aparição, a floresta renascia em cena: ora nas águas que correm sem pedir licença, ora nas vozes que clamam por proteção. O Flor do Campo guiou a plateia por um percurso onde cura, espiritualidade e resistência caminham juntas, reafirmando que a Amazônia pulsa no corpo e no espírito de seu povo.

Em um gesto de afeto e simbolismo, a sinhazinha abraçou o boi, celebrando a união entre fé, natureza e tradição (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Malhadinho – tradição, fé e resistência
Na última noite do desfile, fechando as apresentações do 23º Duelo na Fronteira, o boi Malhadinho ergueu sua bandeira para celebrar aquilo que nos sustenta há séculos: a tradição do povo amazônida, herdeiros de histórias, rituais, fé e resistência, ecoando a cada passo, canto e compasso, a força do povo da floresta.

O Malhadinho abriu sua apresentação com força e elegância (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Depois da apresentação da primeira noite, que teve que ser interrompida em função das fortes chuvas, o Malhadinho entrou na arena para honrar quem veio antes de tudo e mostrar que a tradição não se apaga — ela vive no coração e na alma do povo, na cultura e no coração da nação azul e branca.
Com o tema “Somos Amazônidas”, o Malhadinho abriu sua apresentação carregando emoção, garra e o compromisso de exaltar os povos da Amazônia. A toada, puxada pela Banda Marujada, conduziu a performance com intensidade e precisão, embalando cada evolução e ditando o ritmo de um espetáculo marcado por superação e sintonia.

A alegoria gigante ganhou vida na arena e elevou o espetáculo do Malhadinho (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
O boi mostrou capacidade exemplar de reação após o adiamento. Todos os itens entraram na arena no tempo certo, e a harmonia entre os brincantes se destacou como um dos pontos altos da noite. A plateia acompanhou atenta e com entusiasmo, respondendo ao desempenho vibrante que reforçou o enredo dedicado à identidade amazônica e às tradições regionais.
As alegorias, fantasias e toda a cenografia — confeccionadas com cuidado, brilho e uma explosão de cores — traduziram a paixão da agremiação pelo boi-bumbá. Cada detalhe evidenciou o empenho dos artistas e artesãos, que transformaram o bumbódromo em um grande mosaico amazônico.

Com figurino marcante e gestos cheios de energia, Malhadinho expressou a ancestralidade e a força espiritual (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A participação da Sinhazinha do boi Malhadinho, coreografada por Olga Manueli, também foi um dos grandes destaques da noite. Em perfeita sintonia com o boi, pulsando, rodando e evoluindo como quem domina a energia da própria entidade folclórica, a personagem encantou o público e reforçou sua importância dentro do espetáculo.
Outro ponto alto foi a performance da rainha Aline Rodrigues, que brilhou ao lado da Marujada. Em total harmonia com os ritmos da banda, Aline trouxe leveza, beleza cênica e energia contagiante, preenchendo a arena com movimentos ritmados e integrando dança, tradição e musicalidade.

Cena marcada por emoção traduziu a resistência e a ancestralidade celebradas pelo Malhadinho (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Cumprindo todo o tempo regulamentar e avançando pela madrugada, o Malhadinho entregou ao público presente — formado por moradores de Guajará-Mirim, visitantes de várias cidades de Rondônia, Acre, Amazonas e também por “hermanos” bolivianos que prestigiam e se encantam com a cultura do boi-bumbá — um show memorável.

Coreografia exaltou a força ancestral amazônida em uma cena vibrante, marcada pela sintonia (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A apresentação reafirmou que tradição e cultura seguem vivas, movimentando não apenas a economia local, mas alimentando o sentimento de gratidão e pertencimento de um povo que honra e celebra a própria história.

A condução da nação azul e branca com graça e energia celebrou o tema "Somos Amazônidas" (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
Alero reforça apoio à cultura e transmite o festival ao vivo
A Assembleia Legislativa de Rondônia (Alero) acompanhou e apoiou toda a realização do Duelo na Fronteira 2025, garantindo a transmissão das três noites de espetáculo pela TV Assembleia (canal 7.2) e pelo YouTube.

A explosão de luz e energia marcou a evolução do Malhadinho na arena (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A Casa reafirma o compromisso com a valorização das manifestações culturais do estado, reconhecendo o festival como expressão viva da identidade amazônica e patrimônio de Guajará-Mirim.

Integrante do boi vermelho exibiu alegria e exuberância com cores e coreografias vibrantes (Foto: Thyago Lorentz I Secom ALE/RO)
A apuração está prevista para acontecer nesta segunda-feira (17), a partir das 17h, quando será anunciado o boi vencedor do duelo.
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