Redação, Brasília/Porto Velho, 24 de setembro de 2025 – A Polícia Federal segue ampliando o cerco nas investigações da Operação Carbono Oculto, que já trouxe à tona nomes de peso da política nacional, como Antônio Rueda e Ciro Nogueira. Agora, um velho conhecido da justiça rondoniense voltou a aparecer no rastro das apurações: Haroldo Augusto Filho, o “Haroldinho”, filho do ex-deputado estadual Haroldo Franklin de Carvalho Augusto dos Santos.

Pai e filho ficaram conhecidos após serem indiciados e condenados na Operação Dominó (2006), que desmantelou um esquema de corrupção no Judiciário e Legislativo de Rondônia. Desde então, Haroldinho mantinha perfil discreto, mas ressurgiu em outro caso de grande repercussão: a Operação Sisamnes, deflagrada pela PF após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, no Mato Grosso.

Operação Sisamnes e compra de sentenças

De acordo com inquérito da Polícia Federal, Haroldo Augusto Filho é investigado por adquirir decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) em disputas de terras e por possíveis tentativas de influenciar julgamentos no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Segundo os autos, ele teria obtido sentenças favoráveis de dois desembargadores mato-grossenses, afastados em 2024 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por venda de decisões.

As suspeitas se ampliaram quando a PF identificou indícios de que Haroldo buscava aproximar-se de ministros do STJ para tentar influenciar processos estratégicos, usando sua empresa, a Fource, que atua nos bastidores de litígios fundiários. Embora não figure formalmente nas ações, a companhia patrocinava eventos da OAB-MT e contratava advogados ligados a disputas milionárias de terras.

Relações com ministros do STJ

A investigação aponta que a Fource patrocinou eventos da OAB-MT em 2022 e 2024, que contaram com a presença dos ministros Marco Buzzi e João Otávio de Noronha.

• Em 2024, Noronha viajou em um avião particular disponibilizado por Haroldo, mas declarou que o voo foi organizado pela OAB-MT e se declarou suspeito em processo relacionado.
• Em 2022, Marco Buzzi participou de um evento também custeado pela Fource. Mensagens apreendidas no celular de Zampieri mostram conversas entre Haroldo, a filha do ministro, Catarina Buzzi, e tentativas de organizar um jantar com o magistrado, que acabou não acontecendo.

Ambos os ministros negam qualquer relação irregular com o empresário.

Diálogos revelados e conexões

A PF teve acesso a mensagens trocadas por Roberto Zampieri, que apontam contatos frequentes entre ele, Haroldo e Catarina Buzzi. Os diálogos incluem menções a encontros, discussões sobre processos e tentativas de aproximação junto ao STJ.

Entre os casos analisados está um processo relatado por Marco Buzzi e presidido por Noronha, envolvendo disputa por um terreno em que teria havido uso de contrato falsificado. A PF avalia se Haroldo teria tentado interferir na tramitação.

Situação atual

Embora os ministros citados não sejam formalmente investigados, as suspeitas sobre as conexões de Haroldo Augusto Filho permanecem no centro das apurações. A Polícia Federal busca determinar se houve, de fato, compra de decisões ou apenas tentativas de aproximação do empresário junto a membros do Judiciário.

A presença de Haroldinho na Operação Carbono Oculto reforça a complexidade do caso e conecta antigas investigações de corrupção em Rondônia às novas frentes abertas no Mato Grosso e em Brasília.

Repercussão

O reaparecimento de Haroldo Augusto Filho expõe novamente os bastidores de esquemas que misturam disputas de terras, interesses empresariais e tentativas de influenciar tribunais superiores. O caso deve ter desdobramentos nos próximos meses, podendo envolver novas denúncias e até processos disciplinares em cortes superiores.

Fonte: noticiastudoaqui.com