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Afronta à sociedade

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ColunistaValdemir Caldas

Soou como provocação à sociedade o reajuste dos salários que os
deputados de Rondônia se auto concederam no apagar das luzes
de 2018. Chega a ser até difícil encontrar adjetivo ou substantivo
para qualificar esse tipo de comportamento, sobretudo neste
momento difícil por que passa o país, quando muitos vivem na
corda bamba e outros tantos não têm sequer o que comer.

Não é o aumento em si, mas, sim, o histórico acumulado pelos
parlamentares. Somente nesse mandato que se encerra, as
lembranças do desempenho são negativas. Há exceções, é
verdade. Mas elas são pouquíssimas e, por isso mesmo, acabam
sendo atropeladas pelo rolo compressor dos seguidores da cartilha
do “Mateus, primeiro os meus”. Prevaleceu, no final das contas, o
pior do corporativismo, porque na defesa dos seus interesses, os
ditos representantes do povo, mandaram às favas outros prejuízos
que essa postura provoca.

Por que o reajuste salarial? Por que dobrar os subsídios dos nobres
deputados? É um direito ou um privilégio? Não custar lembrar,
contudo, que, afora os polpudos salários, os parlamentares dispõem
de um rosário de mordomias. Quando se trata de conceder um
mísero reajuste salarial a maioria dos servidores públicos, sempre
aparece alguém para dizer que “a lei não permite”, mas, quando os
beneficiários são os chamados cidadãos de primeira classe, aí não
há restrições, tudo é permitido. Depois essa gente reclama quando
a sociedade vai às urnas e diz um sonoro não às suas pretensões
continuístas.

A distância que separa os salários pagos às autoridades da
República do menor salário do país é uma denúncia escancarada
da injustiça oficializada. A sensação experimentada é a de que esse
não é um aumento legitimo e justo. Pode até ser legal, mas é
imoral. Trata-se de uma afronta à sociedade.

Será que os representantes do povo fazem jus a esse reajuste?
Pelo que se sabe, há um déficit grande em relação aos
compromissos que deveriam ter sido honrados e que não honraram.
A decisão tomada ofende a maioria da população rondoniense e
ignora a exigência, anunciada, de que é preciso cortar gastos. De

quem? Se os que deveriam cortar são os primeiros a se auto
concederem reajustes salariais.


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