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Autoridades de cá e de lá

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ColunistaValdemir Caldas

A oportunidade e a origem de uma homenagem dizem mais que o mais inflamado e enaltecedor discurso. Isso porque é fácil prestar reverência àqueles que, desfrutando do poder, podem distribuir benesses ou aplicar punições.

Os ingleses são conhecidos por serem pessoas frias, carrancudas, não muito afeitas a emoções, tampouco a bajulações, mas não foi exatamente isso o que se viu durante uma partida de tênis internacional pelo Grand Slam, um dos torneios mais badalados do mundo, quando a cientista que liderou as pesquisas da vacina Oxford AstraZeneca contra a Covid 19, Sarah Gilbert, foi ovacionada de pé pelo público, depois que teve seu nome anunciado pelo mestre de cerimonias.

A gratidão é um traço marcante na vida de algumas pessoas. Eu costumo dizer que, quem dá, geralmente não espera receber nada em troca, mas, quem recebe, tem a obrigação de agradecer, porém nem todos têm humildade suficiente para reconhecer isso. A homenagem foi a maneira que aquelas pessoas encontraram para dizer muito obrigado pelo trabalho extraordinário que a pesquisadora, iluminada por Deus, prestou à humidade.

Estivesse a cientista no pleno exercício de um cargo público, o significado da homenagem teria sido outro. O mesmo a que está acostumada a sociedade, prenhe de exemplos do mais puro aulicismo, praticado por pessoas cujo único destino na vida parece ser o de incensar poderosos de plantão, autoridades públicas, políticos e dirigentes públicos corruptos, ao mesmo tempo em que desprezam o cidadão comum.

Se os ingleses têm motivos para se orgulharem dos que lhes comandam na política, na ciência, nas artes, na cultura, enfim, nas mais diferentes áreas da atividade humana, o contrário disso acontece no Brasil, com as devidas exceções, quando vemos um magistrado da mais alta corte do país, enquanto passeava de férias pelas ruas de Lisboa, ser abordado por duas brasileiras, que lhe perguntaram se ele não tinha vergonha de seus atos. E o que dizer ainda de um ex-presidente da República chamado de ladrão, enquanto passeava por uma cidade do interior da Bahia. São fartos os exemplos da vergonha nacional. Citá-los parece-me desnecessário, já que permanecem vivos na memória de muitos brasileiros. Além do mais, o espaço são seria suficiente para acolher a todos. Essa, portanto, é a diferente entre autoridades e políticos de cá e de lá. 

 (*) Por Valdemir Caldas


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