Dois tsunamis que abalaram as estruturas da administração municipal
Na semana passada, a vereadora Ellis Regina voltou a cobrar do prefeito de Porto Velho, doutor Hildon Chaves, explicações a respeito da compra de cento e vinte e cinco mil quilos de cal, deixando entender que o dirigente municipal teria colocado uma pá de cal sobre o assunto. A vereadora deveria cobrar também do prefeito esclarecimentos sobre o escândalo do transporte escolar rural, outro tsunami que abalou profundamente as combalidas estruturas da administração municipal.
Não me recordo de ter lido alguma coisa em termos de providências administrativas por parte da prefeitura, mas posso afirmar, sem medo de errar, que, se o prefeito permanece deitado em berço esplêndido, como disse a parlamentar, o mesmo se não pode dizer do Ministério Público Federal, da Polícia Federal, da Controladoria Geral da União, do Ministério Público do Estado de Rondônia e do Tribunal de Contas do Estado, onde as investigações vêm caminhando a passos largos.
E não poderia ser outra a conduta dessas instituições, especialmente quando quase todo o país clama por moralização da coisa pública. Omitir-se, seria virar às costas à sociedade. Afinal, estamos falando de milhares de reais que poderiam ter sido aplicados em obras e serviços, contribuindo, assim, para melhorar a qualidade de vida dos moradores desta cidade.
O Brasil pós Lava Jato não aceita mais que serviços e obras públicas, que poderiam custar muito abaixo do valor cobrado pelas empresas, simplesmente fiquem três, quatro vezes ou mais caro, encarecendo custos e tirando dos cofres públicos recursos que deveriam beneficiar a parcela mais humilde da população.
A sociedade está cansada do toma-lá-dá-cá, do jeitinho, do é dando que se recebe; do deixa estar, para ver como vai ficar; da ausência de lisura e do respeito às leis estabelecidas. Ela quer o cumprimento constitucional, sem ferir em hipótese alguma, sob qualquer argumento, a exigência desta ou daquela atividade.
O bem público deve estar acima de interesses mesquinhos, de grupelhos. Conheço gente que passou pela Secretaria Municipal de Educação de Porto Velho que acha que essas e outras aberrações vão continuar como dantes, no quartel de Abrantes. Errado!
O dirigente municipal pode até não ter feito nada para colocar as coisas nos seus devidos lugares, mas eu acredito que o Ministério Público Federal, a Controladoria Geral da União, a Polícia Federal, o Ministério Público Estadual e o Tribunal de Contas de Rondônia não vão deixar os episódios passarem em brancas nuvens. Uma hora a casa vai cair.
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